Em 26 de maio de 1432, às 17h da segunda-feira, nesse
cenário desolador, ocorreu a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa de nome
Joaneta. Maltratada e humilhada pelo marido, Francisco Varoli, Joaneta colhia
pasto em um prado próximo. Entre lágrimas e orações, ela avistou uma senhora,
semelhante a uma rainha e cheia de bondade.
Foi Nossa Senhora que apareceu à vidente Joaneta. Sua
mensagem: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes
castigos da Divina Justiça e venho anunciar a Paz”. Pediu que o povo voltasse a
fazer penitência, jejuar nas sextas-feiras e orar na igreja, no sábado à tarde,
em agradecimento pelos castigos afastados, e que lhe fosse erguida uma capela.
Assim, foi denominada Nossa Senhora de Caravaggio.
Ao lado de onde estavam seus pés, brotou uma fonte de
água, existente até os dias de hoje, onde muitos doentes recuperam a saúde.
Joaneta, como verdadeira missionária, levou ao povo e aos
governantes a mensagem de Maria. Em suas visitas, levava ânforas com água da
fonte sagrada, que resultava em curas extraordinárias, prova da veracidade da
aparição. A paz foi restabelecida na pátria e na Igreja.
Uma resistência, porém, tornou-se famosa: é a história de
Graziano, que certo dia chegou à margem da fonte milagrosa e permaneceu
incrédulo. Pegou um galho seco e desfolhado, atirou na água e disse: “Se é
verdade que Nossa Senhora pisou esta terra, enverdeça este ramo”. Conta-se que
quando o bastão seco tocou a água, verdejou-se, brotaram galho, cobriu-se de
folhas e desabrocharam flores. Recordando esse sinal, é costume representar a
aparição de Caravaggio com um ramo florido entre a Virgem Maria e a vidente
Joaneta.
Os imigrantes italianos eram pessoas de fé. Em 1879, em
Caravaggio/Farroupilha/RS, Antônio Franceschet e Pasqual Pasa construíram um
oratório, um capitel de doze metros quadrados, com alpendre na entrada,
localizado em frente ao atual cemitério de Caravaggio. A notícia se espalhou
rapidamente e a obra ganhou doações em dinheiro e mão de obra, transformando o
oratório em capela, que comportava cerca de cem pessoas.
Como não havia uma imagem da santa, Natal Faoro ofereceu
como empréstimo um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio,
trazido da Itália. Foi posto sobre um altarzinho, cuja inauguração ocorreu em
1879, ano I do início da devoção a Nossa Senhora de Caravaggio no Brasil e ano
primeiro das romarias concorridas e numerosas.
A estátua de Nossa Senhora de Caravaggio, localizada no
altar do Santuário, foi feita pelo artista plástico conhecido como Stangherlin,
em Caxias do Sul/RS, em 1885. O modelo da obra foi o quadro, em preto-e-branco,
datado de 1724. A estátua foi trazida a pé, de Caxias do Sul a Caravaggio.
Em 1890 um templo de alvenaria foi inaugurado e, em 26 de
maio de 1921, foi elevado à categoria de “Santuário”. Hoje é conhecido como
“Santuário antigo”.
Em 1959, Nossa Senhora de Caravaggio foi declarada pela
Santa Sé padroeira da Diocese de Caxias do Sul. A construção do atual Santuário
de Caravaggio durou dezoito anos (1945-1963). Imponente, em estilo romano e com
capacidade para acolher duas mil pessoas, hoje revela-se pequeno diante da
quantidade de devotos que acorrem a Nossa Senhora de Caravaggio.
No Brasil, a devoção a Nossa Senhora de Caravaggio é
especialmente celebrada em Farroupilha, Rio Grande do Sul, onde se encontra o
maior santuário em homenagem a Nossa Senhora de Caravaggio.
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