Com o rito da imposição das cinzas, iniciamos a Quaresma.
Tempo que nos é dado para nos prepararmos para a celebração da Páscoa, mediante
as práticas que a Igreja recomenda: o jejum, a caridade e a oração.
Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma,
tempo litúrgico em que a Igreja convida os fiéis a se prepararem para viver os
mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo na Semana Santa.
Desde os tempos passados, já podia se observar, na
tradição dos povos antigos e na cultura dos judeus, que colocar cinzas na
cabeça ou até mesmo sentar-se sobre as cinzas tinha uma multiplicidade de
significados: indicava o que é passageiro (Jó 13, 12), sem valor (Gn 18,27; Is
44,20), sinal de luto e arrependimento (2Sm 13,19; Is 61,3; Mt 11,21) e de
purificação (Nm 19; Hb9,13).
As primeiras comunidades cristãs acolheram esse gesto
como símbolo da transitoriedade da vida humana e tomaram-no indicador de um
propósito de conversão no itinerário da fé. Testemunham-no os mais antigos
escritores cristãos, como, por exemplo, Tertuliano (c. † 220), Cipriano de
Cartago († 285), Eusébio de Cesareia († 339), Ambrósio de Milão († 397),
Jerônimo († 420), Agostinho († 430) etc.
É bom recordar que a história da quaresma é complexa e não é possível saber com certeza como surgiu, sobretudo em Roma. Quanto a inscrição dos pecadores à penitência pública, nos inícios era praticada somente com os membros da Igreja que, tendo cometido pecados graves (fratricídio, adultério ou apostasia), arrependidos e confessados, pediam para voltar à comunhão eclesial.
Muito cedo a Igreja fez coincidir o início dessa forma de
penitência com o começo da Quaresma, fixando a sua data para a quarta-feira, antes
do I domingo do Tempo Quaresmal. Após percorrerem o caminho penitencial, de
acordo com uma disciplina rígida para os pecados graves que os excluíam da
participação da eucaristia, na manhã da quinta-feira santa eram absolvidos para
participarem da eucaristia na noite de Páscoa. Assim nasceu a nossa
Quarta-Feira de Cinzas.
Em 1091, sob o pontificado do papa Urbano II († 1099), o
rito foi estendido a todos os cristãos, clérigos e leigos. As cinzas eram
espalhadas sobre a cabeça dos homens e às mulheres era feito uma cruz sobre a
fronte, por causa de sua cabeça velada.
A partir do século XI, a imposição das cinzas na
Quarta-Feira de Cinzas se tornou habitual, quando o celebrante as põe sobre a
testa do fiel, em forma de cruz, pronunciando as palavras “Lembra-te de que és
pó e ao pó retornarás”.(Gn 3,19) ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”. (Mc
1,15). As cinzas procedem dos ramos utilizados no Domingo de Ramos do ano
anterior, queimados, abençoados com água benta e aromatizados com incenso.
Nos livros litúrgicos, a denominação Quarta-feira de
Cinzas, só apareceu no séc. XV, com o Missal impresso de 1474.
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