domingo, 31 de julho de 2011

Jesus é o Messias?

Era este crucificado (= maldito de Deus!, conforme Dt 21,23) o messias? À questão do Batista vem a resposta sobre a prática de Jesus e uma citação do servo sofredor de Isaías 42,1-4 (cf. Mt 12,18-21). É certamente estranha a frase de Mt 11,6: feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim ! O movimento batista esperava um messias severo que invocaria a cólera divina sobre toda a maldade existente no mundo. A imagem do machado junto à árvore (Mt 3,10) é uma demonstração de sua impaciência. Jesus não é assim. Há diferença entre o possuído do demônio e o comilão (Mt 11,18-19) Não adianta querer arrancar o mal. O risco de ir junto o bem é muito grande (Temos certeza de saber identificar à primeira vista o que é do lado do bem ou do lado do mal?).A parábola do joio e do trigo, própria de Mateus, aponta para isto. Jesus é bem diferente desta severidade batista (cf. Mt 11,18-19). Sua convivência com as pessoas, as mais excluídas, (amigo de publicanos e pecadores Mt 11,19), demonstra mais misericórdia e amor do que juízo severo. Não é em vão que multidões o acompanham por dias seguidos. Ele os compreende e acolhe a todos. Aliás, Ele mesmo é um excluído.
Para os fariseus o messias viria com poder, como um rei. É mesmo? NÃO!! Sobre o Messias, Jesus tem uma opinião que ele quer propor, pois toma a iniciativa na questão: Mt 22,41-46. Jesus faz um arrazoado para mostrar que o messias não é descendente de Davi. Mas então vem o argumento da genealogia Mt 1,1-19: Percebe-se aí que Jesus não é, propriamente falando, descendente carnal de Davi. Também nos perguntamos sobre a presença de mulheres na genealogia. Tamar e Raab são prostitutas. Hitita é adúltera. Rute é estrangeira como todas elas. E MARIA? Está fora da lei (cf. Mt 1,18). A genealogia aponta para o mundo dos excluídos. Mt 21,1-11 é a descrição da entrada em Jerusalém. Quando já estavam dentro os moradores de Jerusalém perguntam o motivo de tal alvoroço. Não tinham tido notícias da entrada senão quando já estava dentro, este “profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia”. Esta precisão “Nazaré da Galiléia” não soa como elogio. Nazaré desprezada e Galiléia, distrito dos gentios, não recomendam ninguém em Jerusalém. Há algo estranho em Mt 21,7: (senta-se sobre os dois?). Há também algo estranho que o povo o reconheça Filho de Davi nesta passagem.  (o que fazer com os textos proféticos: Is 9,5-6; 11,1s; Jr 23,5; 30,9; 33,15-17; Ez 34,23-24; 37,24; Os 3,5; Am 5,11?). Ele é compreendido como o servo sofredor. Este é o verdadeiro messias.
É bom que a gente também se pergunte se Jesus de Nazaré não é escândalo para a gente! (Mt 11,6 Evidentemente se a gente se colocou toda a vida na perspectiva de poder, a atitude de Jesus de Nazaré soa tão estranha! A busca de sucesso pode nos enganar em nosso trabalho pastoral. As três tentações básicas da vida atingiram o próprio Jesus que estava no deserto (lugar da habitação de Deus e de seu oponente: satanás) para um discernimento. O pior é que às vezes nós mesmos somos oponentes de Deus, de Jesus Cristo. Se soubéssemos com clareza talvez não fossemos oponentes de Jesus. Se até Pedro foi chamado de satanás...Só depois de vencer as tentações houve uma clareza de objetivos em sua vida. Vai para a periferia do país, a Galiléia das nações, ser amigo dos publicanos e pecadores. Aceita convite de todo mundo. (Vai para a casa de fariseus? Mateus omite o que aparece em Marcos e Lucas sobre amizade com fariseus.) Mas é comilão e beberrão! (Mt 11,19). Um messias servidor que luta por vida digna para todos. Que sente enorme compaixão por seu povo. Mas não é reconhecido por aqueles que mais “deveriam” entender de Deus: Os moradores da cidade santa. Estes estão “por fora”. Chegam a perguntar o motivo de todo alvoroço que estava acontecendo com o profeta de Nazaré. Nós, padres, somos especialistas de Deus? Entendemos muito de Jesus Cristo? Somos de seus íntimos? Gastamos tempo em papos bons com Ele? Procuramos Jesus onde Ele poderia estar? Normalmente quando precisamos encontrar Jesus vamos até o sacrário. Está bem! Quantas vezes buscamos o irmão mais pobre e humilde para conversar com Jesus?
Será que Judas não sentiu um certo desespero com Jesus que não tomava nunca decisão de tomar conta, duma vez por todas, de todas aquelas falcatruas e injustiças que faziam o povo sofrer tanto assim? Na verdade o que conseguiu foi vender o mestre como escravo (trinta moedas de prata). Jesus é o Messias mas no modelo de Deus que nunca forçou ninguém aderir mas sempre respeitou a liberdade.  Os seguidores deste messias sejam como ele: servidores (Mt 20,26-28).
Pe. José Bonifácio Schmidt

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