Seria muito duro ouvir uma palavra assim: “jamais conheci vocês!” As donzelas, damas de honra, (Mt 25,12) são símbolo de todos os que não usam adequadamente a inteligência que receberam. É só abrir os olhos que se verá! Foi prometido por Ele através do profeta Isaías: Deus está conosco (Is 8,8.10). É um Deus especial: Ele é salvador (=Josué=Jesus). Não adianta querer multiplicar orações, pois só vai perceber a presença de Deus quem seguir a vontade do Pai que está nos céus (Mt 7,24) Mas como é tolo aquele que constrói sobre a areia! (Mt 7,26). Não ser reconhecido por Jesus como discípulo é muito ruim. Um solene “Jamais conheci vocês” (Mt 7,23 e Mt 25,12) deve ser horrível. É igualmente horrível não tê-lo conhecido. “Quando foi que te vimos nu e não te vestimos?” (Mt 25,31-46). Mostrar que não se está atento à presença de Deus no irmão é sinal de burrice. *O capítulo 14 mostra Jesus sendo o Emanuel junto ao povo, especialmente em 14,22-33: A imagem da Igreja (a barca) nas ondas revoltas (mar é morada de Leviatã ,o opositor de Deus). Jesus muitas vezes parece não estar presente. Acontecem na Igreja situações de desânimo, de fracasso, de medo. Os discípulos, com o mar agitado, estão apavorados. Além disso um fantasma. Isto já é demais!! “Sou eu” lembra o nome de Deus dado a Moisés: Javé. Parece que no êxodo uma aproximação de seu significado é “Aquele que faz existir” . É o que acontece nitidamente nesta passagem. Pedro retorna à existência do crente e ouve a igreja (os da barca) proclamar que Jesus é o Filho de Deus (Mt 14,33). (= vê só : Pedro não foi original no que proclama no capítulo 16). Quantas vezes eu mesmo já fiz a experiência do que Deus faz acontecer em mim? Ou será que não proporciono ocasião a Deus realizar em mim seus projetos de salvação? Eu nem me lanço na aventura de ir ao encontro do Senhor. Nunca precisei gritar com minha comunidade : Senhor, salva-me (Kurie,swson me) ! Era o grito da comunidade litúrgica que precisava sentir bem perto a presença do EMANUEL. No outro relato da barca (Mt 8,23-27) já haviam pedido socorro: Senhor, salva-nos que perecemos. Deus, em Jesus de Nazaré, caminha conosco e muitas vezes nem percebemos sua presença. E quando percebemos a fazemos uma presença inócua. A presença dele não enche mais o nosso peito de ardorosos brios! *Na leitura que Mateus faz de Jesus reconhece nele o novo Moisés (não um segundo Moisés, clonagem do primeiro!). Desde a infância é perseguido Mt 2,13-18 (Herodes é a personificação de Faraó). Foge e encontra refúgio no Egito. Imaginem só! A terra que deveria ser a terra da liberdade tornou-se a terra da perseguição! Mas os sonhos de José possibilitam a volta, não para a Judéia que continua perigosa, mas para a Galiléia das nações. Qual Moisés no início de sua atividade, Jesus sobe a um monte (Mt 5,1) e traz consigo a multidão (ao contrário de Moisés que sobe sozinho ao monte Sinai). Jesus faz a multidão sentar à volta e abre a boca (sem as manifestações violentas do Sinai) e proclama a presença de Deus. Dá valor à Lei que provem de Moisés. Aperfeiçoa, porém, esta Lei. A perfeição da Lei não está na multiplicação de preceitos dos escribas e fariseus (mais de 600 !) mas na compreensão e hierarquia da Lei. A máxima lei é a do amor ao próximo. E nisto deveremos ser perfeitos como o Pai dos céus é perfeito (Mt 5,48). A justiça dos fariseus e escribas não conduz ao reino (Mt 5,20).*Em Mt 15,29(a presença de Deus na montanha) vemos um novo Moisés libertando todo o povo de todas as suas escravidões. Todos aqueles que não pudessem assumir com liberdade a sua vida eram curados. Isto é libertação. A alegria se torna tão grande a ponto de a multidão prorromper em aclamações e aleluias. Só poderiam mesmo glorificar a Deus pela libertação que este novo Moisés estava realizando com seu povo. *Jesus está presente no meio de sua comunidade {18,19s}.Vejamos um pouco mais de perto esta passagem. Quando é que a gente pode dizer que está reunido em nome de Jesus? Quando Ele autoriza a reunião em nome dele. Quando formos como excluídos (se tornar criança) diante da grandeza do reino de justiça, de fraternidade, de filiação que Jesus propõe. No final do Evangelho (Mt 28,20) Jesus, a quem foi dado todo o poder no céu e na terra (v.18), garante sua presença :“E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo”. Vamos curtir a presença de Jesus em sua Igreja. Ele nunca se afastou dela. Muitas vezes faz que ela corrija a rota que segue. Quando ela se torna muito intimista Jesus, com o poder de seu Santo Espírito, a torna comunitária, solidária com os pobres, libertadora de todas as amarras. A presença de Jesus em sua Igreja assegura sua permanência no coração da História..
Pe. José Bonifácio Schmidt
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