Estamos diante do discurso chamado eclesial. Trata-se da vida da Igreja. Há diversos momentos na descrição da comunidade. Para entrar no reino é preciso ser como criança. Há diversas leituras. A que mais chama a atenção é que no tempo de Jesus a criança não tinha direitos. ”Nela via-se a situação objetiva da pessoa carente de qualquer direito e de qualquer consideração” (Barbaglio,p 275).Enquanto não fosse bar-mitzwa não era considerado como alguém. Era igual a escravo ou mulher. Não tinha identidade. Diante do reino dos céus todos somos pessoas sem direito, pois ninguém até hoje o conquistou por própria força e poder.. E se alguém recebe o reino como alguém sem direito vai ficar extremamente feliz em poder participar. Alguém sem direito ficará feliz e compreenderá a gratuidade de todas as coisas. Ele vai dizer como o Cura de Aldeia: “Tudo é graça”. Ele será o maior. (pode ser neste sentido porque outro parece que não existe!) no reino, pois captará as abundantes bênçãos de Deus.. Um terceiro momento é a acolhida dos sem direito. Isto é muito complicado. Mas se fizermos as nossas medidas sempre como as medidas dos fariseus e escribas e não dermos ocasião para que os excluídos possam sentar-se à mesa da fraternidade... Fazê-lo em nome do Senhor parece tornar o gesto mais importante. *O quarto momento: os pequeninos que crêem são escandalizados? : o que é escandalizar? É servir de tropeço (“O escândalo vai além do nosso habitual significado moralista. Ele indica, metaforicamente, uma pedra contra a qual um cristão instável tropeça” (Barbaglio,p 278). Quando eu sirvo de tropeço para o pequenino que crê? Quando faço de sua fé uma fé inoperante, vazia, sem chance de crescer. Não ofereço toda a possibilidade de se tornar grande na fé. Quando desvio o caminho de fé para um relacionamento exclusivamente individual com Deus estou sendo um tropeço na fé do pequenino que crê. É preciso que a fé seja sempre comunitária, eclesial. Uma fé que não volta o olhar para o outro é uma fé que está tropeçando. Alguém andou servindo de escândalo. O escândalo da fé é muito sério. Deixar as pessoas pequeninas na fé é estragar toda a sua vida. É preciso lançá-las no desafio do crente que transforma o mundo. É a pior coisa que se pode fazer a alguém. Melhor seria, antes de causar escândalo, amarrar no pescoço uma grande pedra e precipitar nos abismos do mar. Mateus diz que é tão sério que até a amputação do corpo da Igreja deve ser feita dos que poderão parecer muito importantes na comunidade (olhos para ver os sinais de Deus, mãos para estender ao próximo a reconciliação e o amor, pés para ir ao encontro do outro). *Ainda, cuidado para que não aconteça nenhum desprezo em relação a estes pequeninos porque aí a briga vai ser feia. A briga vai ser com os seus anjos! É tão fácil excluí-los da atenção! Relegar alguém pequenino a um canto. Santo Deus, não precisamos fazer nenhum esforço para isto. * Um outro momento muito significativo é a parábola da ovelha extraviada (em Lucas ela está perdida). Toda comunidade deve ser como o pastor que vai à procura da que se extraviou. O desvio provisório não pode se mudar em perda irremediável. Se é o nosso Pai que não quer que nenhuma se perca, imaginem que esforço grande cada membro da nossa comunidade fará para cuidar que ninguém se extravie! * Faz parte da fonte Q os ditos sobre o perdão. Mas aqui não se trata de irmão ofensor mas apenas pecador. É muito significativo os passos a serem seguidos. Quem faz assim? O respeito pelo pecador !!! * Daqui para frente entramos na fonte particular de Mateus: Ligar e desligar não é aqui dado ao ministério petrino ou só aos doze. É dado a toda a comunidade. As ações da comunidade eclesial tem força sagrada. * Uma questão que é preciso considerar é quando se está de acordo com o que pedir. Muitas vezes estamos juntos mas não estamos de acordo com o que pedir. Quando a situação de premência nos une podemos estar de acordo com o que pedir. *E quando estamos reunidos em nome do Senhor? Creio que muito facilmente dizemos que estamos reunidos em nome do Senhor mas poucas vezes podemos afirmar objetivamente isto. *Quem deve tomar a iniciativa de perdoar é o ofendido. E esta iniciativa deverá ser sempre. Lamec (Gn 4,24) queria se vingar 77 vezes. Aqui o perdão deve ser dado 77 vezes. “A contraposição de um perdão sem medida ao espírito vingativo é claríssima” (Barbaglio,p 283). *A graça e a misericórdia devem ser tomados como orientação de vida, isto mostra a parábola do servo sem piedade. Este fez uma experiência inacreditável e não levou a sério e não aprendeu a grandeza do perdão recebido.
Pe. José Bonifácio Schmidt
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