Santo Onofre, anacoreta, passou sessenta anos de vida
religiosa, em total solidão, na amplidão do deserto.
Sabe-se pouco sobre a vida de Santo Onofre, exceto o que
São Pafúncio, monge do século V, escreveu na sua biografia depois de tê-lo
conhecido e o acompanhado até a sua morte..
Onofre era monge de um mosteiro perto de Tebas, e buscou
de todas as maneiras os ensinamentos de Deus, mas sentindo-se chamado à vida
solitária seguiu para o deserto, levando uma vida de eremita, a exemplo de são
João Batista, optando por uma vida solitária e de oração, e do profeta Elias,
abraçando o estado de vida mais perfeito: a solidão do deserto, onde passou
mais de 60 anos.
O relato da história de Santo Onofre é contado por São
Pafúncio, que o encontrou no deserto.
Pafúncio encontrou Onofre no deserto e a aparência dele
chamou a sua atenção: um homem idoso, de barbas brancas até o chão, recoberto
de pelos e usando uma tanga de folhas.
Onofre contou ao abade Pafúncio que lutou por muitos anos
contra as mais terríveis tentações (o alcoolismo na juventude), mas com
perseverança conseguiu vencer todas, falou sobre a fome e a sede que sentiu e
sobre o conforto que Deus lhe deu alimentando-o com os frutos de uma tamareira
que ficava próxima da gruta em que morava.
Onofre levou Pafúncio à gruta, onde conversaram sobre as
coisas celestes até o pôr do sol, quando apareceu, repentinamente, diante dos
dois, um pouco de pão e água que os revigorou (diz a tradição que foi um anjo
que trouxe a comida para os dois).
Pafúncio falou sobre seu desejo de tornar-se um eremita.
Na manhã seguinte, Onofre contou a Pafúncio que teve uma revelação de Deus.
Nela, ele dizia que a missão do abade não era se tornar um eremita, mas
presenciar a sua morte, voltar para a sociedade e contar a todos o que havia
vivido. E assim, Pafúncio ficou.
Diz a lenda que ele assistiu quando um anjo deu a
eucaristia a Onofre antes da morte, no dia 12 de junho † 400 no Egito.
Pafúncio, então, pegou o corpo do santo e o enterrou em uma montanha.
Sua imagem é representada com cabelos e barbas longos,
com apenas folhas para proteger as partes íntimas. Isso porque durante os anos
que esteve no deserto foi assim que permaneceu, sem vestimentas.
Retornando à cidade, Pafúncio escreveu a história de
Santo Onofre e a divulgou por toda a Ásia.
A devoção a Santo Onofre era muito grande no Oriente e
passou para o Ocidente no tempo das cruzadas.