A ausência de Jesus e a procura pelo seu corpo na morada
dos mortos, o túmulo, reflete uma realidade de trevas na comunidade. Essa
situação de ausência de vida e de esperança não se deve à falta da luz física,
mas significa que a vida não está triunfando na comunidade, ou seja, a morte
está prevalecendo. Sem a experiência do Ressuscitado, a situação da comunidade
é caótica, pois essa fica sem rumo, sem saber o que fazer. A remoção da pedra e
a ausência do corpo de Jesus causaram, inicialmente, preocupação e espanto, ao
invés de alegria e esperança.
A ressurreição de Jesus não é um retorno à vida anterior
para voltar a morrer de forma definitiva. Não se trata de uma simples
revitalização de seu cadáver, como poderia ser o caso de Lázaro. Jesus não
volta a esta vida, mas entra na Vida definitiva de Deus. Por esta razão, os
primeiros pregadores dizem que Jesus foi "exaltado" por Deus (Atos
2,33), e os relatos dos Evangelhos apresentam Jesus já vivendo uma vida que não
é a nossa. Os cristãos nunca entenderam a ressurreição de Jesus como uma
sobrevivência misteriosa de sua alma imortal. O Jesus ressuscitado não é
"uma alma imortal" ou um fantasma. Ele é um homem completo, vivo e
concreto que foi libertado da morte com tudo o que constitui sua personalidade.
Para os primeiros crentes, não pode faltar corpo a este Jesus ressuscitado, que
agora alcançou toda a plenitude de vida. (José A. Pagola - Dabar 1988/25)
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