domingo, 30 de setembro de 2012

São Jerônimo - 30 de setembro

Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande "tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras": São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: "Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo".


Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na "Cidade Eterna", Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado. Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na vida eremítica. 

Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal. Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o "Dia da Bíblia" no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna. 

São Jerônimo, rogai por nós!

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/santo/index.php?mes=9&dia=30&id=268



O Leão e São Jerônimo

Em Vita Divi Hieronymi (Migne. P.L., XXII, c. 209ff.) traduzido para o Inglês por Helen Waddell em "Beasts and Saints" (NY: Henry Holtand Co., 1934), você encontrará as razões pelas quais São Jerônimo é pintado geralmente com um leão ao seu lado.

"Uma tarde São Jerônimo sentou-se com seus amigos monges no seu monastério em Jerusalém ouvindo a lição do dia quando um gigantesco leão aproximou-se andando em três patas, com a quarta pata levantada. Imaginem o caos que se seguiu quando todos os monges correram, cada um para um lado, mas São Jerônimo calmamente levantou-se e foi se encontrar com o hospede não convidado. Naturalmente o leão não podia falar, mas ofereceu a sua pata ferida ao bom padre. Jerônimo examinou a pata e pediu a um monge menos medroso, um balde com água e lavou a pata ferida do leão. Aí Jerônimo notou que a pata estava perfurada por espinhos. Jerônimo retirou com cuidados os espinhos e aplicou uma pomada e o ferimento rapidamente sarou. O gentil cuidado amansou o leão que ia e vinha pacificamente onde estava São Jerônimo como se fosse um animal doméstico. Deste episódio Jerônimo disse "Pensem sobre isto e vocês encontrarão varias respostas. Eu creio que não foi tanto para a cura de sua pata que Deus o enviou, pois Ele curaria a pata sem a nossa ajuda, mas enviou o leão para mostrar quanto Ele estava ansioso para prover o que necessitamos para o nosso bem."

Os irmãos sugeriram que o leão poderia ser usado para acompanhar e proteger o jumento que carregava a lenha para o monastério. E assim foi por muito tempo. O leão guardava o jumento enquanto este ia e vinha. Um dia entretanto, o leão ficou cansado de dormiu enquanto o jumento pastava. Mercadores de óleos egípcios levaram o jumento.

O leão lá pelas tantas acordou e passou a procurar o jumento.Com incrível ansiedade procurou todo o dia. No final do dia voltou e ficou no portão do monastério parado e consciente de sua culpa o leão não tinha mais o seu andar orgulhoso que ele fazia ao lado o burrico.

Quando outros monges o viram concluíram que o leão tinha na verdade comido o jumento. E eles recusaram a alimentar o leão e o enviaram de volta para comer o resto da sua matança. Mas ainda havia uma certa dúvida se o leão havia ou não matado o jumento e assim Jerônimo mandou que eles procurassem pela carcaça do jumento e não a encontraram, e nem sinal de violência. Os monges levaram a noticia para São Jerônimo que disse " Eu fico triste pela perda do asno, mas não façam isto com o leão. Tratem dele como antes dêem comida a ele, e ele fará o serviço do jumento. Façam com que ele traga em seu lombo algumas das peças de lenha." E assim aconteceu.

O leão regularmente fazia a sua tarefa, mas continuava a procurar o seu velho companheiro. Um dia ele subiu uma colina e viu na estrada homens montados em camelos e um montado em um jumento. Ele então foi de encontro a eles. Ao se aproximar ele reconheceu o seu amigo e começou a rugir. Os mercadores assustados correram como puderam deixando o jumento e os camelos e sua carga para atras.

O leão conduziu os animais para o mosteiro. Quando os monges o viram aquela parada inusitada de um leão liderando um jumento e camelos correram para Jerônimo e ele foi lá, abriu os portões e disse: "Tirem a carga dos camelos e do jumento, lavem suas patas e dêem comida a eles e esperem para ver o que Deus tinha em mente para mostrar a este seu servo quando nos deu o leão".

Quando sua instruções foram seguidas o leão começou a rugir de novo e a balançar o seu rabo alegremente. Os irmãos com remorso da calúnia que haviam pensado do pobre leão disseram uns aos outros "Irmão confie na sua ovelha mesmo se por um tempo ela pareça um ganancioso rufião e Deus fará um milagre para curar o seu caráter".

Neste meio tempo Jerônimo sabendo o que viria disse: "Meus iramos fiquem preparados e preparem refrescos porque novos hóspedes virão e deverão ser tratados sem embaraços’.

Assim os irmãos preparam para receber as visitas e em breve os mercadores estavam no portão. Foram bem-vindos, mas eles prostraram aos pés de São Jerônimo e pediram perdão pelas sua falhas. Gentilmente Jerônimo disse "dêem os refrescos a eles e deixem partir com os seu camelos e suas cargas. Os mercadores ofereceram metade do óleo que os seus camelos carregavam para as lâmpadas do mosteiro e mais alguns alimentos para os monges.

O chefe dos mercadores estão disse "Nós daremos todo óleo que vocês precisarem durante todo ano e nossos filhos e netos serão instruídos de seguirem esta ordem, e ainda nada de sua propriedade será jamais tocada por qualquer de nós ".

São Jerônimo aceitou e os mercadores de sua parte aceitaram os refrescos e partiram com benção e voltaram alegres para o seu povo. São Jerônimo então disse "vejam meus irmãos o que Deus tinha em mente quando nos mandou o seu leão"!

sábado, 29 de setembro de 2012

Sinais do Reino: Acolher os pequenos e os excluídos - Mc 9,38-43.45.47-48

Texto extraído do livro ''CAMINHANDO COM JESUS''
Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos
Coleção A Palavra na Vida 184/185.
CEBI Publicações.
Mais informações em vendas@cebi.org.br


ABRIR OS OLHOS PARA VER
No texto de hoje, Jesus dá conselhos sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos, sobre o relacionamento entre homem e mulher, e sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. No relacionamento entre homem e mulher, havia muito machismo. Com os pequenos e excluídos Jesus pede o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher ele pede o máximo de igualdade. Com as crianças e suas mães, o máximo de ternura. 


SITUANDO
Como já vimos no texto da semana passada, Marcos coloca seis recomendações sobre a conversão que deve ocorrer na vida de quem aceita caminhar com Jesus até o Calvário (Mc 9,38 a 10,31). Este texto, traz três destas recomendações: uma sobre o novo relacionamento com os pequenos (Mc 9,42-50), outra sobre o novo relacionamento entre homem e mulher (Mc 10,1-12), e outra ainda sobre o relacionamento com as mães e suas crianças (Mc 10,13-16).  Nos anos 70, diante das muitas dificuldades que as comunidades enfrentavam, Marcos procura ajudá-las a não desanimar e a levar a sério a opção pelo seguimento de Jesus.

COMENTANDO
Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento
Alguém que não era da comunidade usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos, porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade João impede que o outro possa fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensava ter o  monopólio sobre Jesus e, por isso, queria proibir que outros usassem o nome de Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga do "Povo eleito, Povo separado". Jesus responde: Não impeçam! Quem não é contra é a favor! (Mc 9,40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa
Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) "Quem der para vocês um copo de água": Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia-a-dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo nunca faz casa! 2) "Porque vocês são de Cristo": Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor.
Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos
Escândalo é aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam e perdem a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: "Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!" Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40-45). Quem toca neles toca em Jesus! Hoje, no Brasil, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Já não conseguem crer! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: "É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho) do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)". Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho.
A expressão "Geena (inferno), onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga", é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.

ALARGANDO
Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. "Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe" (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a "um destes mais pequeninos" (Mt 25,40).
Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão.
Nos evangelhos, a expressão "pequenos" (em grego se diz elachistoi, mikroi ou nipioi), às vezes, indica "criança", outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é "pequeno" num evangelho, é "criança" no outro. É porque criança pertencia a categoria dos "pequenos", dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que fica claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades se faziam de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos e assume a sua defesa. Fica-se impressionado quando se junta tudo aquilo que Jesus fez em defesa da vida das crianças, dos pequenos:
  1. Acolher e não escandalizar: Uma das palavras mais duras de Jesus é contra aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc 17,2; Mt 18,6).
  2. Acolher e tocar: Mães com crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Dentro das normas da época, tanto as mães como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num estado permanente de impura legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus não se incomoda. Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. "Deixem vir as crianças, não as impeçam!" (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15).
  3. Identificar-se com os pequenos: Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança é a "mim que recebe" (Mc 9,37). "E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeste" (Mt 25,40).
  4. Tornar-se como criança: Jesus pede que os discípulos se tornem como crianças e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
  5. Defender o direito de gritar: Quando Jesus, entrando no Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam. "Hosana ao filho de Davi!" (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca até as escrituras (Mt 21,16).
  6. Agradecer pelo Reino presente nos pequenosA alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos entendem as coisas do Reino que ele anuncia ao povo. "Pai, eu te agradeço!" (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do Reino do que os doutores!
  7. Acolher e curarSão muitas as crianças e jovens que Ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha de Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananéia (Mc 7,29-30), o filho da víuva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bispo norte-americano oferece dez simples conselhos para viver o Ano da Fé




WASHINGTON DC, 28 Set. 12 (ACI/EWTN Noticias) .- O Presidente da Comissão para a Evangelização e a Catequese da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB), Dom David Laurin Ricken, propôs dez simples conselhos para viver o novo Ano da Fé, que começará a partir do próximo dia 11 de outubro e estará dedicado à Nova Evangelização.


Segundo as indicações da Congregação para a Doutrina da Fé, e através da página web da USCCB, Dom Ricken recordou que o objetivo deste Ano é reforçar a fé dos católicos e aproximar o mundo à fé mediante o exemplo.



Para levar adiante esta missão que o Papa Bento XVI encomenda ao povo de Deus, Dom Ricken, propõe: participar da Missa, acudir à confissão, conhecer mais aos Santos, ler a Bíblia todos os dias, conhecer os documentos do Concílio Vaticano II, estudar o catecismo, fazer voluntariado na paróquia, ajudar aos necessitados, convidar os amigos para a Missa, e encarnar as Bem-Aventuranças.



Dom Ricken, Bispo de Green Bay (Wisconsin), recordou que o primeiro é participar da Santa Missa para viver um encontro pessoal com Deus, do modo mais imediato, "uma participação regular na Missa reforça a própria fé através das Escrituras, do Credo, das orações, da música sagrada, e da homilia, recebendo a Comunhão e formando parte de uma comunidade de fé", indicou.



O segundo é confessar-se. "Os católicos recebem forças e aprofundam sua fé celebrando o sacramento da Penitência e Reconciliação", e a Confissão "chama a voltar para Deus, a expressar a dor pelas quedas, e a abrir nossa vida à potência da graça curadora de Deus. Perdoa as feridas do passado e dá força para o futuro".



Em terceiro lugar, conhecer a vida dos Santos ajudará os fiéis a ter exemplos válidos de como viver uma vida cristã, através de diferentes formas como a docencia, o trabalho missionário, a caridade, a oração, e tratando de agradecer a Deus nas ações e decisões comuns da vida cotidiana.



Ler a Bíblia diariamente seria outro passo, porque oferece um acesso direto à Palavra de Deus e narra a salvação dos homens, "não se pode prescindir da Bíblia para um crescimento sadio durante o Ano da Fé".



Também é recomendável ler os documentos do Concílio Vaticano II –que neste ano se comemora seu aniversário de 50 anos-, para levar adiante seu trabalho de renovação no campo da celebração da Missa, do papel dos leigos, do ecumenismo e no diálogo interreligioso.



Outro ponto fundamental, é ler o Catecismo da Igreja Católica, que há 20 anos recolhe em um só volume os dogmas de fé, da doutrina moral, da oração e dos sacramentos da Igreja Católica, e serve como "um verdadeiro recurso para crescer na compreensão da fé".



Participar da paróquia também pode ajudar a viver em plenitude o Ano da Fé, porque este "não pode limitar-se ao estudo e sua reflexão", e para que "os carismas de todos ajudem a construir a comunidade". Segundo Dom Ricken, dar acolhida, acompanhar musicalmente a liturgia, fazer as leituras, e dar catecismo, são somente alguns âmbitos nos quais ajudar na vida paroquial.



Em oitavo lugar, recordou que ajudar aos necessitados é algo fundamental, "a Igreja pede aos católicos fazer doações de caridade e socorrer aos mais necessitados durante o ano da fé, porque no pobre, no marginalizado, e no vulnerável, encontra-se Cristo pessoalmente".



O Prelado também animou a convidar aos amigos e conhecidos para assistir a Missa, "um convite pessoal pode realmente marcar a diferença para alguém que se afastou da fé ou se sinta um estrangeiro dentro da Igreja. Todos conhecemos alguém assim, por isso é formoso levá-los e convidá-los amigablemente".



Por último, Dom Ricken animou a encarnar as Bem-Aventuranças na vida diária, para crescer na humildade, paciência, justiça, misericórdia, transparência e na liberdade. "É precisamente o exemplo da fé vivida o que aproxima do Ano da Fé", concluiu. 

Fonte: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=24215

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As mulheres de Jesus de Nazaré


Oito linhas num papiro do século IV, de um hipotético “Evangelho da mulher de Jesus”, voltou a colocar em cena não apenas o estado civil de Cristo, mas também sua relação com a outra metade do céu.

A reportagem é de Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 23-09-2012. A tradução é do Cepat.

 O que Jesus pensava das mulheres? Que papel as mulheres ocuparam em sua vida e, sobretudo, em seu movimento? O que consideram os mais sérios exegetas católicos sobre “Jesus e as mulheres”?

Apesar de ser o personagem mais estudado e analisado pela cultura ocidental, Jesus continua sendo um dos mais desconhecidos. Pouco se sabe com exatidão sobre o homem que é venerado por um bilhão de pessoas como o “Filho de Deus”. Séculos de manipulações apagaram as escassas pistas sobre sua realidade.

E os Evangelhos? Tradicionalmente nos são apresentados como textos históricos. Hoje, todos os teólogos reconhecem que a partir deles não se pode escrever uma biografia de Jesus. “O Evangelho é um testemunho dos crentes. O que os evangelistas contam não é história, mas expressão de sua fé em Jesus Cristo”, explica o prestigioso e já falecido teólogo holandês Edward Schillebeeckx.

Embora sendo difícil, a exegese moderna está demarcando cada vez mais a figura de Jesus. Inclusive nos aspectos mais fechados ou silenciados pela Igreja católica oficial. Por exemplo, a questão da sua sexualidade ou de seu estado civil.

Jesus de Nazaré foi casado?

Para a Igreja católica o assunto da sexualidade de Jesus foi sempre um tabu. A doutrina oficial só aborda esse tema para dizer que Jesus foi um homem de verdade, com todas as pulsões de um homem, mas que se manteve puro e celibatário em toda a sua vida.

Inclusive, em muitas ocasiões dá a sensação de que a Igreja católica cai no docetismo (a heresia que torna Jesus não um homem real, de carne e osso, mas um ser que, embora tendo aparência humana, era na realidade “outra coisa”) na hora de “limpar” a figura do Nazareno.

De acordo com a mais estrita ortodoxia católica, Jesus era um homem completo, de corpo inteiro e, consequentemente, sexuado. Deus se fez homem, e dentro dessa condição existe a sexualidade.  Como a exerceu? Que relação manteve com as mulheres?

Os grandes exegetas concordam em negar que Jesus tivesse casado. E que o celibato transgredia as leis religiosas de sua época. “Quem não tem mulher é um ser sem alegria, sem a bênção, sem felicidade, sem defesas contra a concupiscência, sem paz; um homem sem mulher não é um homem”, diz o Talmude. E menos ainda, se esse homem era um rabi, um intérprete da Lei que, portanto, não podia se opor ao Talmude.

Um dos mais prestigiosos exegetas espanhóis, Xabier Pikaza, acaba de publicar o “Evangelho de Marcos. A Boa Notícia de Jesus” (Verbo Divino), um exaustivo estudo de 1.200 páginas. E sobre este tema conclui assim: “Não se pode demonstrar, de maneira absoluta, que Jesus foi celibatário”.

Alguns pesquisadores supõem que ele poderia ter sido viúvo ou sem filhos. Outros, mais fantasiosos, falam de suas relações com Maria Madalena ou de sua abertura afetiva mais aberta (um tipo de “amor” estendido para homens e mulheres, de forma não genital). Enfim, outros asseguram que, após a vinda do Reino (se houvesse chegado, sem que tivesse sido morto), Jesus teria casado, iniciando um matrimônio diferente...

Porém, não sabemos nada disso. Nada pode ser apoiado em fontes. A única coisa certa é que durante o tempo de sua pregação, a partir de sua missão com João, passando por sua mensagem na Galileia, até a sua morte foi “celibatário”.

Outro famoso teólogo espanhol, Rafael Aguirre, sustenta a mesma tese. Ou como disse o americano John Paul Meier: “Jesus nunca se casou, o que o torna um ser atípico e, por alcance, marginal diante da sociedade judaica convencional”. Nisso sim, todos os exegetas consentem, além de destacar o papel “especial” de Maria Madalena na vida de Jesus.

Ela não foi sua mulher, mas esteve muito perto dele. No grupo de mulheres que acompanhavam Jesus e seus discípulos, nunca está ausente. É a primeira receptora dos acontecimentos pascais. Por isso, é chamada “a apóstola dos apóstolos”.

“No entanto, casá-la com Cristo é um disparate”, afirma o teólogo jesuíta Juan Antonio Estrada. O disparate do “Código Da Vinci”, por exemplo, que muitos acreditam. 

Discípulas e companheiras de Jesus

O que está claro em todos os textos evangélicos, canônicos e apócrifos, é que a sua relação com as mulheres foi um dos aspectos mais revolucionários do profeta de Nazaré. 

Jesus rompe com todos os tabus, numa sociedade em que a mulher era definida como uma “lua”, porque só brilhava e recebia tudo do “sol”, que era o homem. “Dou-te graças, Senhor, por não me haver feito mulher”, rezavam os varões todas as manhãs, pois a mulher era um ser inferior.

Por isso, andava sempre com a cabeça coberta, não podia parar na rua para falar com um varão, não podia ser testemunha credível num julgamento, tampouco podia ter herança e no caso de que seu marido morresse, passava a ser propriedade de seu irmão. E, é claro, quando estava menstruada, não somente era impura, mas tornava impuro tudo o que tocava.

“Jesus rompe com todas as tradições culturais de seu tempo e trata a mulher como igual”, explica Pikaza. De fato, as mulheres fazem parte de seu círculo mais íntimo, de seus mais estreitos colaboradores e acompanham o profeta itinerante em suas caminhadas apostólicas. “Varões e mulheres aparecem num projeto como iguais, sem prioridade de um sexo sobre o outro”, sustenta o exegeta espanhol.

E o catedrático Antonio Piñero, em seu livro “Jesus e as mulheres” (Aguilar), aponta que “Jesus foi um rabino relativamente anômalo no cenário dos mestres da Lei do século I, porque teve um ministério ativo, no qual as mulheres não apenas estavam presentes, mas eram discípulas”. 

De fato, o Evangelho de Marcos diz que as mulheres “serviam” a Jesus. E o biblista argentino Ariel Álvarez explica que “se estas mulheres “serviam” a Jesus, é porque de alguma maneira pregavam o Evangelho, curavam enfermos, expulsavam demônios e realizavam as mesmas funções dos demais discípulos, e não porque cumpriam exclusivamente as tarefas de cozinha e limpeza”.

É que, como diz Pikaza, “Jesus não quis sacralizar a sociedade patriarcal de sua época” e “fundou um movimento de varões e mulheres na contramão dos rabinos de sua época, que não admitiam as mulheres em suas escolas”. Jesus não somente as acolhe, mas escuta e dialoga com elas, “como com pessoas livres”, respeitando e valorizando-as em igualdade com o homem. 

Mais ainda, Pikaza sustenta que dentro de seu movimento, as mulheres foram as seguidoras mais fiéis e radicais de Jesus. “De fato, ao chegar à prova da Cruz, os doze lhe abandonaram; elas, ao contrário, permanecem fiéis até o final”.

Um Jesus, portanto, profundamente inclusivo, que desafia frontalmente os preceitos patriarcais profundamente estabelecidos. Em seu trato com a mulher, Jesus foi um revolucionário, um profeta que desafiou o legalismo confuso e inerte que mesclava a vida religiosa e social de seu tempo. Um visionário defensor dos direitos da mulher. Inteiramente um feminista.

sábado, 22 de setembro de 2012

Por que o esquecemos?



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9, 30-37 que corresponde ao 25º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico.  O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

A caminho de Jerusalém, Jesus continua a instruir seus discípulos sobre o final que lhes aguarda. Ele insiste uma vez mais que será entregue aos homens e eles o matarão, mas Deus o ressuscitara. Marcos disse que eles “não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas”. Nessas palavras percebe-se a pobreza dos cristãos de todos os tempos. Não compreendemos Jesus e temos medo de nos aprofundar em sua mensagem.

Quando eles chegam a Cafarnaum Jesus lhes pergunta: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?” Os discípulos ficam calados. Estão envergonhados. Marcos disse que no caminho eles tinham discutido sobre qual deles era o mais importante. Certamente é vergonhoso ver o Crucificado acompanhado de perto por um grupo de discípulos cheios de tontas ambições. Que discutimos hoje na Igreja enquanto dizemos seguir a Jesus?

Uma vez estando em casa, Jesus se dispõe a lhes ensinar. Eles precisam de aprendizados. Estas são suas primeiras palavras: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos”. No grupo que segue Jesus, aquele que quer se sobressair e ser mais do que os demais deve ser o último, atrás de todos; dessa forma ele conseguirá ver aquilo que precisam e poderá ser servidor de todos.

A verdadeira grandeza consiste em servir. Para Jesus o primeiro não é aquele que ocupa um cargo de importância, mas sim aquele que vive servindo e colaborando com os demais. Os primeiros na Igreja não são os hierarcas mas as pessoas simples que vivem socorrendo aqueles que se encontram em seu caminho. Não podemos esquecer isso.

Para Jesus, sua Igreja deveria ser um espaço onde todos pensam nos demais. Uma comunidade na qual estamos atentos a quem pode estar em necessidade. Não é um sono de Jesus. Para ele, é tão importante que lhes põe um exemplo prático.

Primeiramente, aproxima uma criança e a coloca no meio de todos para que fixem sua atenção nela. No centro da Igreja apostólica há de estar sempre essa criança, símbolo das pessoas fracas e desvalidas, os necessitados de apoio, defesa e acolhida. Não devem ficar fora, junto à porta. Hão de ocupar o centro de nossa atenção.

Logo Jesus abraça a criança. É  assim como ele quer que os discípulos o lembrem. Identificado com os fracos. Entretanto, disse-lhes: “Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas àquele que me enviou”.

O ensino de Jesus é claro: o caminho para acolher Deus é acolher seu Filho Jesus presente nos pequenos, nos indefesos, nos pobres e desvalidos. Por que o esquecemos tanto?


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ecumenismo - Ninguém é dono de Jesus (Mc 9,30-37)

Texto extraído do livro ''CAMINHANDO COM JESUS''
Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos
Coleção A Palavra na Vida 184/185.
CEBI Publicações.
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ABRIR OS OLHOS PARA VER
O texto de Evangelho que vamos meditar hoje traz uma grande incoerência da parte dos discípulos de Jesus. Enquanto Jesus anunciava a sua paixão e morte, os discípulos discutiam entre si quem deles era o maior. Jesus queria servir, eles só pensavam em mandar! A ambição os levava a querer subir às custas de Jesus. 


SITUANDO
Esta reflexão traz o segundo anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio - Mc 8, 27-38, os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso. O texto ajuda a perceber algo da pedagogia de Jesus. Mostra como ele formava os discípulos, como os ajudava a perceber e a superar o "fermento dos fariseus e de Herodes".
Tanto na época de Jesus como na époica de Marcos, havia o fermento da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia da propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império. A atitude de Jesus com relação aos apóstolos, descrita no evangelho, as ajudava e continua ajudando a nós hoje.


COMENTANDO

Marcos 9,30-32: O anúncio da cruz
Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas e conversa com eles sobre a cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías - Is 53,1-10, o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, na formação aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles tem medo de deixar transparecer sua ignorância.



Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição
Chegando em casa, Jesus pergunta: Sobre que vocês estavam discutindo no caminho? Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior. Jesus é bom formador. Não intervém logo, mas sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia dos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio que caracteriza a sociedade do Império Romano já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste! Enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!



Marcos 9, 35-37: Servir, em vez de mandar
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha nada. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistiu e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: "Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem receber a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus acolhe o próprio Deus!


ALARGANDO

Um retrato de Jesus como formador
"Seguir" era um termo que fazia parte dos sitemas da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação.
Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o "fermanto de Herodes e dos fariseus" - Mc 8,15, isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. A conversão que Jesus pede quer atingir a raiz e erradicar o "fermento''. Já vimos como Jesus combatia a mentalidade antiga de competição e de prestígio - Mc 9,33-37 e a mentalidade fechada de quem se considera dono de tudo - Mc 9,38-40. Eis alguns outros casos desta ajuda fraterna de Jesus aos discípulos.


.: Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros
Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: "Que um fogo do céu acabe com esse povo" (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a mentalidade antiga de "Povo eleito, Povo privilegiado!" Jesus os repreende: ''Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc 9,55).
.: Mentalidade de quem marginaliza o pequeno
Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ''Deixem vir a mim as crianças!" (Mc 10,14). Ele coloca a criança com professora de adulto: "Quem não receber o Reino como uma criança não pode entrar nele" (Lc 18,17).
.: Mentalidade de quem pensa conforme a opinião de todo mundo
Certo dia, vendo um cego, os discípulos perguntaram: ''Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?" (Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo o mundo pensar de acordo com a cultura dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: ''Nem ele, nem os pais dele'' (Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura diferente da realidade.


Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarno o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e ds discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana a experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai:
.: Envolve-os na missão - Mc 6,7; Lc 9,1-2; 10,1.
.: Na volta, faz revisão com eles - Lc 10,17-20.
.: Corrige-os quando erram e querem ser os primeiros - Mc 9,33-35; 10,14-15.
.: Aguarda o momento oportuno para corrigir - Lc 9,46-48; Mc 10,14-15.
.: Ajuda-os a discernir - Mc 9,28-29.
.: Interpela-os quando são  lentos - Mc 4,13; 8,14-21.
.: Prepara-os para o conflito - Jo 16,33; Mt 10,17-25.
.: Manda observar a realidade - Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3.
.: Reflete com eles sobre as questões do momento - Lc 13,1-5.
.: Confronta-os com as necessidades do povo - Jo 6,5.
.: Ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais - Mt 12,7.12.
.: Tem momentos a sós para poder instrui-los - Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3.
.: Sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil - Jo 4,7-42.
.: Ajuda-os a aceitar a si mesmos - Lc 22,32.
.: É exigente e pede para deixar tudo por amor a ele - Mc 10,17-31.
.: É severo com a hipocrisia - Lc 11,37-53.
.: Faz mais perguntas que dá respostas - Mc 8,17-21.
.: É firme e não se deixa desviar do caminho - Mc 8,33; Lc 9,54.
.: Prepara-os para o conflito e a perseguição - Mt 10,16-25.
Este é um retrato de Jesus como formador. A formação do "seguimento de Jesus" não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era  a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como consequência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).

Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=21&noticiaId=3371

sábado, 15 de setembro de 2012

Como seguir Jesus (Mc 8-27-35)

Texto extraido do livro ''CAMINHANDO COM JESUS''
Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos
Coleção A Palavra na Vida 184/185.
CEBI Publicações.
Mais informações em vendas@cebi.org.br

ABRIR OS OLHOS PARA VER
O texto de hoje descreve a cegueira de Pedro que não entende a proposta de Jesus quando este fala do sofrimento e da cruz. Pedro aceita Jesus como messias, mas não como messias sofredor. Ele está influenciado pela propaganda do governo da época que só falava do messias como rei glorioso. Pedro parecia cego. Não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele, Pedro, o queria.


SITUANDO
No início deste quarto bloco estão a cura de um cego - Mc 8,22-26 -, o anúncio da cruz e a explicação do seu significado para a vida dos discípulos - Mc 8, 27 a 9,1. A cura do cego foi difícil. Jesus teve que realizá-la em duas etapas. Igualmente difícil foi a cura da cegueira dos discípulos. Jesus teve que fazer uma longa explicação a respeito do significado da cruz para ajudá-los a enxergar, pois era a cruz que estava provocando neles a cegueira.


Nos anos 70, quando Marcos escreveu, a situação das comunidades não era fácil. Havia muito sofrimento, muitas cruzes. Seis anos antes, em 64, o imperador Nero tinha decretado a primeira grande perseguição, matando muitos cristãos. Em 70, na Palestina, Jerusalém estava sendo destruída pelos romanos. Nos outros países, estava começando uma tensão forte entre judeus convertidos e judeus não-convertidos. A dificuldade maior era a cruz de Jesus. Os judeus achavam que um crucificado não podia ser o messias tão esperado pelo povo, pois a lei afirmava que todo crucificado devia ser considerado como um maldito de Deus (Dt 21,22-23).



COMENTANDO

Marcos 8, 27-30: VER - levantamento da realidade
Jesus perguntou: ''Quem diz o povo que eu sou?'' Eles responderam relatando as várias opiniões do povo: ''João Batista'', ''Elias ou um dos profetas''. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: ''E vocês, quem dizem que eu sou?'' Pedro respondeu: ''Tu és o Cristo, o Messias''. Isto é, és aquele que o povo está esperando. Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isso ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, todos esperavam a vinda do messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, doutor, guerreiro, juiz ou profeta. Ninguém parecia estar esperando o messias servidor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9).


Marcos 8,31-33: JULGAR - esclarecendo a situação - primeiro anúncio da paixão
Jesus começa a ensinar que ele é o Messias Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso e morto no exercício da sua missão de justiça. Pedro leva um susto, chama Jesus de lado para desconcertá-lo. E Jesus responde a Pedro: ''Vá embora, Satanás''. Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos homens''. Pedro pensava ter dado a resposta certa. De fato, ele disse a palavra certa ''Tu és o Cristo''. Mas não lhe deu o sentido certo. Pedro não entendeu Jesus. Era como o cego de Betsaida. Trocava gente por árvore. A resposta de Jesus foi duríssima ''Vá embora, Satanás''. Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que alguém o afaste da sua missão.


Marcos 8, 34-47 - AGIR - condições para seguir
Jesus tira as conclusões que valem até hoje - Quem quiser vir após mim tome sua cruz e siga-me. Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o Império Romano impunha aos marginais. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. A cruz não é fatalismo, nem é exigência do Pai. A cruz é a consequência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário, ele foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão.

sábado, 8 de setembro de 2012

Acolhendo os excluídos (Mc 7, 31-37)


Texto extraído do livro "CAMINHANDO COM JESUS".
Da Série A Palavra na Vida 182/183
de Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
Publicação CEBI.
Mais informações em vendas@cebi.org.br
 SITUANDO
Jesus vai tentando abrir a mentalidade dos discípulos e do povo para além da visão tradicional. Na multiplicação dos pães, ele tinha insistido na partilha (Mc 6,30-44). Na discussão sobre o puro e o impuro, tinha declarado puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). No episódio da mulher cananéia, ele ultrapassa as fronteiras do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas da sua experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade do povo da época. Cresce para eles o mistério, aparece o não-entender.
A abertura crescente de Jesus era uma ajuda muito importante para as comunidades do tempo de Marcos. Elas eram um grupo pequeno, perdido naquele mundo hostil do Império Romano. Quando um grupo é minoria, sofre a tentação de se fechar sobre si mesmo. A atitude de abertura de Jesus era um estímulo para as comunidades não se fecharem, mas manterem bem viva a consciência missionária de anunciar a Boa Nova de Deus a todos os povos, como Jesus tinha pedido com tanta insistência.


COMENTANDO
Marcos 7, 31-36: Abrir o ouvido e soltar a língua
O episódio da cura do surdo-mudo é pouco conhecido. Jesus está atravessando a região da Decápole. Decápole significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste da Galiléia, cuja população era pagã. Um surdo-mudo é levado a Jesus. O jeito de curar é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu, fez um suspiro profundo e disse: "Éffata!", isto é, "Abra-se!" No mesmo instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a língua! Todo o povo ficou muito admirado e dizia: "Ele fez bem todas as coisas!" (Mc 7,37). Esta afirmação do povo faz lembrar a criação, onde se diz: "Deus viu que tudo era muito bom!" (Gn 1,31).
Marcos 7, 37: Jesus não quer publicidade
Ele proibiu a divulgação da cura, mas não adiantou. Quem teve experiência de Jesus vai contar para os outros, queira ou  não queira! As pessoas que assistiram à cura começaram a proclamar o que tinham visto e resumiram a Boa Notícia assim: "Ele fez bem todas as coisas".


Às vezes, se exagera a atenção que o Evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura, como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc 5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26), mas obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe, tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por si mesma!

ALARGANDO
Abertura para os pagãos no Evangelho de Marcos
Na época do AT, na rivalidade entre os povos, um povo costumava chamar o outro de "cachorro" (1Sm 17,43). Isto fazia parte da relação conflituosa que eles tinham entre si, na terra de Canaã, para formar um povo novo com direito à terra, à vida e à identidade própria. O enfrentamento entre Golias, o gigante filisteu, e Davi, o pastorzinho israelita, é uma amostra desta situação. Para Davi, vencer o filisteu pagão era salvar a honra tanto do povo israelita como do Deus vivo (1Sm 17,26). Quando Davi se aproxima para a luta sem as armas tradicionais, mas apenas com um bastão, Golias pergunta: "Será que sou um cachorro?" (1Sm 17,43).
Ao longo das páginas do Evangelho de Marcos, há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Eis exemplos:
A mulher que Marcos nos apresenta era uma pagã, siro-fenícia de nascimento (Mc 7,26). No passado, nos tempos da rainha Jezabel e do profeta Elias, tinha havido rivalidade entre Israel e o povo da Fenícia ou de Canaã. Mas agora, a  mulher não está preocupada com as rivalidades do passado. Ela busca a libertação para a sua filha, dominada por um demônio (Mc 7,26). Ouve falar de um judeu que tem o poder de Deus para libertar do mal. Aqui, já não importam os preconceitos raciais. O que importa é a vida ameaçada da filha, vida oprimida que precisa ser libertada.


Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do lugar e cura um surdo-mudo. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de um pagão, pois, ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e entender, um pagão que era surdo-mudo passa a ouvir e a falar pelo toque de Jesus. Lembra o cântico do servo: O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde (Is 50,4-5).
Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os povos (Mc 11,17). Fazendo assim, ele resgata a profecia de Isaías que estendia a salvação aos estrangeiros e manda abolir as restrições da lei que proibia a participação de eunucos, bastardos e estrangeiros na assembleia de Iahweh (Dt 23,2-9).
Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39).
A abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15).