sexta-feira, 29 de março de 2013

6ª feira Santa - Celebração da Paixão do Senhor



Na liturgia da Paixão do Senhor, não há celebração da eucaristia, apenas distribuição da comunhão. Além de uma introdução e conclusão silenciosa, a liturgia tem quatro momentos distintos:

1. Liturgia da Palavra: a liturgia da palavra nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus:

- Ele é o servo que carrega os pecados da humanidade (1ª leitura);
- O rei universal que dá a vida (evangelho);
- O único sacerdote e mediador entre Deus e a humanidade (2ª leitura).

2. Oração universal:
A oração universal exprime a abertura universal da comunidade, consciente de que a salvação de Cristo é oferecida a todos os homens.

3. Adoração da Cruz:
Jesus celebrou a sua Páscoa, "passando" através de uma morte dolorosa e humilhante, para chegar à ressurreição gloriosa. Honrando a cruz, adoramos e agradecemos a Jesus por seu amor.

4. Rito da Comunhão:
Não há oferendas a apresentar ao Pai. Não é renovado no altar o sacrifício da cruz. A comunhão é feita com o pão eucarístico consagrado na véspera.


Leitura da Paixão segundo São João:
A leitura da Paixão segundo São João nos introduz ao mistério pascal que, nesse dia, revivemos. Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa. João é muito sóbrio a respeito dos sofrimentos. Ele não pretende comover os cristãos com a descrição dos tormentos atrozes infligidos a Jesus, mas procura de todos os modos fazer entender a imensidade do seu amor. Jesus está consciente dos últimos acontecimentos de sua vida e missão. Não é arrastado pelos acontecimentos. Está preparado para dar a vida.

O objetivo de João é alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a "luz", mas os homens amaram mais as trevas do que a "luz", por isso, o rejeitaram e o condenaram.

Vamos retomar alguns fatos, relembrar alguns personagens, para, assim, vivenciarmos mais intensamente esse drama sagrado.

BEIJO DE JUDAS
Foi um sinal de amor (como uma flor), transformado em gesto de maldade. Foi a suprema falsidade de um homem, procurando traduzir com os lábios, o que não desejava o coração.

PERFUME DE MADALENA
Derramando aroma aos pés do mestre, a pecadora pública de Mágdala demonstra que amar era aquilo que ela desejava e pecar era o que ela não queria. No lavar os pés de Jesus, ela manifesta o desejo de lavar a alma do pecado. Como Judas, também, ela beijou o Cristo. Só que Judas o beijou para traí-lo e ela para se libertar de sua vida de traição. Judas o beijou porque queria vendê-lo e ela o beija porque estava cansada de ser vendida.

TOALHA DE VERÔNICA
Sem ter medo de ninguém, uma mulher rompe o grupo violento dos soldados e enxuga o rosto do mestre coberto de sangue, certamente provindo dos furos causados pelos espinhos que lhe perfuravam a fronte.

BACIA DE PILATOS
Percebemos que foi usada como símbolo de covardia. Nela, os séculos reconhecem o sinal acabado da omissão. Por não ter tido coragem suficiente, omitiu-se o procurador romano, permitindo que Cristo fosse condenado, ainda que nele não visse nenhum mal. A bacia de Pilatos e a bacia de Jesus no lava-pés! Duas bacias bem diferentes.

SEPULTURA NOVA DE JOSÉ DE ARIMATEIA
Por causa desse homem rico, mas de profunda sensibilidade, Cristo não é lançado em vala comum e passa a ter direito a uma sepultura. Para nascer, Jesus não encontra um berço. Para descansar na morte, um túmulo lhe é ofertado. Talvez por lhe ter faltado na hora do nascimento, encontrou o amigo fiel na hora da morte. Às vezes, é assim. Precisa-se mais de um amigo para morrer do que para começar a vida.

- Durante a vida, ninguém deu valor ou até fez sofrer, mas quando morreu todos exclamam comovidos: "Coitado, ele era uma boa pessoa. Será insubstituível".

Conclui a narrativa com a imagem da festa das núpcias: a comunidade abraça o seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amada por ele. Começa assim, no Calvário, a festa das núpcias que terá a sua realização plena no céu. Essa será a conclusão da história de amor entre Deus e o homem.

Padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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