Seguindo uma estrela
Continuamos celebrando o nascimento do Filho de Deus na
cidadezinha de Belém.
Não é por acaso que Jesus não nasce em Jerusalém, centro
de poder político e religioso, senão na periferia, num lugar pobre, cujo único
orgulho possível era ser a terra natal de Davi, algo que se perdia no tempo e
jazia quase esquecido.
Dela o profeta Miquéias já falava: "Mas você Belém
de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades de Judá. É de você que sairá
para mim aquele que há de ser o chefe de Israel" (5,1-2).
É sem dúvida questionador que Deus tenha escolhido para
nascer entre os pobres, que a irrupção de Deus na historia da humanidade tenha
acontecido no silêncio e solidão de uma gruta, sendo testemunha o céu e os
pequenos da terra.
Por que o Deus escondido, que quis se dar a
conhecer em Jesus, o faz de forma tão humilde, tão despercebida, tão humana?
(Rm 16, 26).
Talvez seja para que o busquemos, para que saiamos ao seu
encontro...Ele não impõe a sua Presença, só se apresenta de diferentes
maneiras, a mais humilde, plena e terna é em seu Filho Jesus.
Deus nos criou para Si, toda pessoa humana leva dentro de
si o desejo de Deus, de conhecê-lo, de se encontrar com Ele, de uma vida em
plenitude, de um amor infinito. Todo ser humano leva a marca da eternidade que
o impulsiona sair de si em busca dela!
Como reza poeticamente Santo Agostinho: "Fizeste
nosso coração para ti e inquieto andar o nosso coração enquanto não repousa em
ti".
Essa sede de eternidade, essa busca, muitas vezes sem saber,
de Deus, é a estrela que cada um de nós leva dentro. É a presença do Espírito
que nos movimenta, que nos põe em caminho a Deus, como a aqueles magos de
Oriente que hoje Mateus cita no seu evangelho.
O importante não é saber se eles existiram o não, e sim
descobrir a riqueza de mensagens que este episódio quer transmitir.
Deus nos ama, vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus e
infunde seu Espírito em nós para que iluminados pela sua presença possamos
livremente sair na sua busca e viver a alegria de ser encontrados por Ele!
Podemos perguntar-nos como é possível reconhecer a
presença do Espírito?
Uma das maneiras mais simples é através dos presentes que
ele nos dá, e um deles é a alegria (Gl 5,22). Por isso é que o evangelho nos
diz que "ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de
alegria".
Reconhecemos a presença do Espírito em nós? Em que
momentos? Façamos agora uma singela oração ao Espírito que nos habita,
agradecendo a sua Presença e pedindo-Lhe que sejamos dóceis a sua condução!
É importante reconhecer a ação do Espírito, para poder
colaborar com ele, se aderir a ele. Jesus mesmo no evangelho de João nos diz
que o Espírito nos conduzirá a verdade plena (Jo 16,13), que é Ele! (Jo 14,6).
O seja Deus atua em nós, mas requer de nossa disponibilidade,
cada um de nós pode optar entre seguir a voz do Espírito de liberdade ou seguir
outras vozes que nos levam a escravidão do poder, do medo, do egoísmo, da
infidelidade...
Os magos são fieis ao caminho que sinaliza a estrela e
descem de Jerusalém a Belém. Finalmente a estrela parou e eles, são envolvidos
no mistério de Deus que se fez presente numa criança: "viram o menino com
Maria, sua mãe".
Reconhecem nele o Messias esperado de todos os tempos, o
Salvador de toda a humanidade, ao vê-Lo, se ajoelham, o adoram, o amam!
Depois, não voltam para Jerusalém, senão que partem para
suas terras para comunicar que tinham visto, encontrado o Salvador.
Junto com os magos tenhamos uma atitude de adoração e
acolhida do mistério de Deus que se nos comunica na gruta de Belém, e assim
"cheios" do Espírito Santo possamos exclamar olhando ao menino: É o
Senhor! (1Cor 12,3).
O encontro com Jesus nos leva a partir para uma nova
vida, no lugar onde cada um/a vive, trabalha, estuda...ali ser comunicadores da
ternura e do Amor de Deus que se faz presente na fragilidade de uma criança!
Referencias
BORTOLONI, José. Tire suas dúvidas sobre a
Bíblia. São Paulo: Paulus, 1997.
STEIN, Edith. La mística della Croce. Antologia
organizada por W. Herbstrith. Roma: Cittá Nuova, 1991.
SUSIN, Luiz Carlos. Jesus Filho de Deus e Filho de
Maria. São Paulo: Paulinas, 1997.
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