A leitura que a Igreja propõe neste domingo
é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,35-45 que corresponde ao 29º
Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Enquanto
sobem a Jerusalém, Jesus vai
anunciando aos seus discípulos o destino doloroso que o espera na capital. Os
discípulos não o entendem. Andam a disputar entre si os primeiros lugares.
Tiago e João, discípulos da primeira hora, aproximam-se dele para pedir-lhe
diretamente para se sentarem um dia “um à tua direita e outro à tua esquerda”.
Jesus
vê-se desalentado: “Vocês não sabem o que estão pedindo”. Ninguém no grupo parece entender que
segui-lo de perto, colaborando em seu projeto, sempre será um caminho não de
poder e grandeza, mas de sacrifício e cruz.
Entretanto,
ao darem-se de conta do atrevimento de Tiago e João, os outros dez indignam-se.
O grupo está mais agitado que nunca. A
ambição os divide. Jesus reúne-os a todos para deixar claro o seu pensamento.
Antes de
tudo, expõe o que acontece nos povos do império romano. Todos conhecem os
abusos de Antipas e das famílias herodianas na Galileia. Jesus resume assim: Os
que são reconhecidos como chefes utilizam o seu poder para tiranizar os povos,
e os grandes não fazem outra coisa senão oprimir os seus súbditos. Jesus não pode ser mais taxativo: “Mas,
entre vocês não deverá ser assim”.
Não quer
ver entre os seus nada de parecido: “Quem de vocês quiser ser grande, deve
tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá
tornar-se o servo de todos”. Na sua comunidade não haverá lugar para o poder
que oprime, só para o serviço que ajuda. Jesus
não quer chefes sentados à sua direita e esquerda, mas sim servidores como ele,
que dão a sua vida pelos outros.
Jesus
deixa as coisas claras. A sua Igreja não se constrói pela imposição dos de
cima, mas desde o serviço dos que se colocam abaixo. Não cabe nela hierarquia alguma por honra ou domínio. Tampouco métodos e estratégias de poder.
É o serviço o que constrói a comunidade cristã.
Jesus dá
tanta importância ao que diz que se coloca a si mesmo como exemplo, pois não
veio ao mundo para exigir que o sirvam, mas “para servir e para dar a sua vida
como resgate em favor de muitos”. Jesus
não ensina ninguém a triunfar na Igreja, mas a servir o projeto do reino de
Deus dando a vida pelos mais débeis e necessitados.
Os
ensinamentos de Jesus não são só para os dirigentes. A partir de tarefas e
responsabilidades diferentes, temos de nos comprometer todos a viver com mais
entrega ao serviço do seu projeto. Não necessitamos na Igreja de imitadores de
Tiago e João, mas de seguidores fiéis de Jesus. Os que queiram ser importantes, que se coloquem a trabalhar e a
colaborar.
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