sábado, 28 de julho de 2012

Multiplicação dos pães - Jesus e a fome do povo (Jo 6,1-15)

Texto extraído do livro "Raio-X da Vida"
Círculos Bíblicos do Evangelho de João.
Coleção A Palavra na Vida 147/148.
Autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino.
CEBI Publicações.
Saiba mais vendas@cebi.org.br.

OLHAR DE PERTO AS COISAS DA NOSSA VIDA
No texto de hoje, vamos refletir a história da multiplicação dos pães. O povo ia atrás de Jesus, porque via os sinais que ele fazia para os doentes. Era um povo faminto e doente, como um rebanho sem pastor. Estava desorientado. Buscava sinais, buscava um líder. Seguia a Jesus, porque enxergava nele o novo líder capaz de resolver os seus problemas. Vendo aquela multidão de gente que o procurava, Jesus confronta os discípulos com a fome do povo. Alguma coisa tinha de ser feita!

SITUANDO
No Situando do 8º Círculo Bíblico deste mesmo livro, vimos o esquema das sete festas e dos sete sinais. Aqui, neste novo círculo, estamos na festa da Páscoa, a 4ª festa (Jo 6,4). Nela acontecem dois sinais: a multiplicação dos pães (4º sinal) e a caminhada sobre as águas (5º sinal). Em seguida, vem o longo diálogo sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-71). O enfoque central é o confronto entre a antiga Páscoa do Êxodo e a nova Páscoa que se realiza em Jesus:


Jo 6,1-15: Multiplicação dos pães - Como Moisés, Jesus dá de comer ao povo no deserto;
Jo 6,16-21: Caminhada sobre as águas - Como o povo, Jesus atravessa o mar;
Jo 6,22-71: Diálogo sobre o Pão da Vida - Esclarece a nova Páscoa que se realiza em Jesus.

COMENTANDO

1. João 6,1-4: A Situação
"Estava próxima a Páscoa". Na antiga páscoa, aquela do êxodo do Egito, o povo atravessou o Mar Vermelho. Aqui na nova páscoa, Jesus atravessa o Mar da Galiléia. Uma grande multidão seguia a Moisés no primeiro êxodo. Uma grande multidão segue Jesus nesse novo êxodo. No primeiro êxodo, Moisés subiu a Montanha. Jesus, o novo Moisés, também sobe à montanha. O povo seguia a Jesus porque tinha visto os sinais que ele fazia para os doentes.
2. João 6,5-7: Jesus e Filipe
Uma vez no deserto, apareceu a fome do povo. Vendo a multidão faminta, Jesus pergunta a Filipe: "Onde vamos comprar pão para esse povo comer?" Fez a pergunta para prová-lo, porque ele sabia o que fazer. Como sabia? É que, conforme a Escritura, no primeiro êxodo, Moisés tinha conseguido alimento para o povo faminto. Jesus, o novo Moisés, irá fazer a mesma coisa. Mas Filipe, em vez de olhar a situação à luz das Escrituras, olha a situação com os olhos do sistema e responde: "Duzentos denários não bastam!" Um denário era o salário mínimo de um dia. Filipe constata o problema e reconhece a sua total incapacidade para resolvê-lo. Faz o lamento, mas não apresenta solução.
3. João 6,8-9: André e o menino
André, em vez de lamentar-se, busca uma solução. Ele encontra um menino com cinco pães e dois peixes, disposto a partilhá-los. Cinco pães de cevada e dois peixes eram o sustento ou a ração do pobre. O menino entrega o seu sustento! Ele poderia ter dito: "Cinco pães e dois peixes, o que é isso para tanta gente? Não vai dar para nada! Vamos partilhá-los aqui entre nós com duas ou três pessoas!" Em vez disso, tem a coragem de entregar cinco pães e dois peixes para alimentar 5 mil pessoas (Jo 6,10). Andre percebe que neste gesto do menino está a solução. Por isso, levou-o até Jesus. Quem faz isso, ou é louco ou tem muita fé em Jesus e nas pessoas, acreditando que, por amor a Jesus, todos se disponham a partilhar como fez o menino!



4. João 6,10-11: A multiplicação
Jesus pede para o povo se acomodar na grama. Em seguida, multiplica o sustento, a ração do pobre. Diz o texto: "Jesus tomou os pães e, depois de ter dado graças, distribuiu-os aos presentes, assim como os peixes, tanto quanto queriam!" Com esta frase, escrita no ano de 100 depois de Cristo, João evoca o gesto da Ceia, do jeito que era celebrada nas comunidades (1Cor 11,23-24). A Ceia Eucarística, quando celebrada como deve, levará as pessoas à partilha como levou o menino a entregar seu sustento para ser partilhado.
5. João 6,12-13: A sobra dos 12 cestos
Jesus manda recolher a sobra do pão. Recolheram 12 cestos. O número 12 evoca a totalidade do povo com suas 12 tribos. João não informa se sobrou algo dos peixes. É que o interesse dele era evocar o pão como símbolo da Ceia Eucarística. João não descreve a Ceia Eucarística, mas descreve a multiplicação dos pães como símbolo do que deve acontecer nas comunidades e no mundo através da celebração da Ceia Eucarística. Por exemplo, se no Brasil houvesse partilha, haveria comida abundante para todos e sobrariam 12 cestos para muitos outros povos! E dizem que o Brasil é o maior país cristão do mundo! Ah, se fosse...!
6. João 6,14-15: Querem fazê-lo rei
O povo interpreta o gesto de Jesus dizendo: "Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo!" A intuição do povo é correta. Jesus de fato é o novo Moisés, o Messias, aquele que o povo estava esperando (Dt 18,15-19). Mas esta intuição tinha sido desviada pela ideologia da época que "queria um grande rei que fosse forte e dominador". Por isso, vendo o sinal, o povo proclama Jesus como Messias e avança para fazê-lo rei! Jesus, percebendo o que ia acontecer, refugia-se sozinho na montanha. Não aceita esta maneira de ser messias e aguarda o momento oportuno para ajudar o povo a dar um passo.

ALARGANDO

O Livro dos Sinais
Já vimos na Introdução que o Evangelho de João se formou a partir de dois livros mais antigos: o Livro dos Sinais e o Livro da Glorificação. O Livro dos Sinais foi escrito para que as pessoas, através do sinais realizados por Jesus, pudessem crer que ele é "o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome" (Jo 20,30-31).
O autor tem consciência de que está selecionando alguns sinais, já que afirma que "Jesus fez muitos outros sinais ainda, que não estão escritos neste livro" (Jo 21,25). Assim, João preservou sete sinais prodigiosos de Jesus: a transformação da água em vinho em Caná (Jo 2,1-11);  a cura do filho do funcionário real, também em Caná (Jo 4,46-54); a cura do paralítico em Jerusalém (Jo 5,1-18); a multiplicação dos pães na Galiléia (Jo 6,1-15); a caminhada sobre o mar (Jo 6,16-21); a cura do cego de nascença em Jerusalém (Jo 9,1-41) e a ressurreição de Lázaro em Betânia (Jo 11,1-44).
No Quarto Evangelho, não aparecem os inúmeros milagres de Jesus como nos outros evangelhos, e nenhum relato de um gesto de expulsão de demônios. O Evangelho de João chama estes acontecimentos de "sinais" e não de "milagres", como nos outros evangelhos. Por que esta diferença? É que, para João, estes sinais de Jesus exigem uma tomada de posição por parte das pessoas.
Os sinais de Jesus podem provocar fé. Em Caná, diante do sinal do vinho, os discípulos tiveram fé em Jesus (Jo 2,11). Também em Jerusalém os sinais provocam adesão e fé (Jo 2,23). Movido por estes mesmos sinais, Nicodemos busca saber quem é Jesus (Jo 3,2). O funcionário real e sua família se convertem diante do sinal feito por Jesus (Jo 4,54). Mas Jesus exige algo mais. Ele desconfia de uma fé que vive pedindo sinais (Jo 2,18; 2,23-25; 4,48). Os sinais nem sempre suscitam fé em Jesus (Jo 6,26; 12,37).
Para Jesus não é necessário "ver para crer!" (Jo 20,29). Talvez por isso João relata apenas sete sinais. Ele destaca estes sinais para que as pessoas que buscam a glória de Deus possam penetrar no mistério da vida de Jesus e descobri-lo como verdadeiro Messias e Filho de Deus (Jo 1,14; 2,11; 20,30-31).
Os sinais feitos por Jesus são expressão do amor de Deus pela Humanidade. Desta forma João busca ligar Jesus com as manifestações da glória de Deus  no Antigo Testamento. No AT "glória" é a manifestação visível do Deus invisível através de atos e feitos extraordinários (Ex 16,7-10; 24,17; Nm 14,11-22; Dt 7,19-29; 29,1-3). Através destes sete sinais extraordinários de Jesus, a comunidade pode ter a certeza de que Deus continua junto com o povo, num novo êxodo para a liberdade.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

sábado, 21 de julho de 2012

O senhor é meu pastor! Nada me falta! (Mc 6,30-34)



O ACOLHIMENTO
O ACOLHIMENTO DADO AOS DISCÍPULOS E O ACOLHIMENTO DADO AO POVO

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus"
Série: A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
CEBI Publicações.
Mais informações: vendas@cebi.org.br.
ABRIR OS OLHOS PARA VER
Depois do banquete da morte promovido por Herodes que matou João Batista, vem o banquete da vida. Jesus alimenta o povo faminto no deserto. Povo faminto é o que não falta hoje. Iniciativas para dar de comer ao povo também existem. Vamos aprofundar mais essa reflexão?

SITUANDO
O início do terceiro bloco traz um grande contraste! De um lado o banquete da morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital (Mc 6,17-29). Do outro lado, o banquete da vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galileia lá no deserto (Mc 6,30-44). No Evangelho de Marcos, a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui e em Mc 8,1-10. Por isso, devemos prestar muita atenção para descobrir em que consiste a importância da multiplicação dos pães, momento culminante à passagem que a antecede e que vamos refletir hoje (Mc 6,30-34).

COMENTANDO
Marcos 6,30-32: O acolhimento dados aos discípulos
Estes versículos mostram como Jesus formava novas lideranças. Ele tinha o costume de levar os discípulos a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma revisão. Preocupava-se com o descanso deles, pois o trabalho da missão era tanto que não sobrava tempo nem para comer.

Marcos 6,33-34: O acolhimento dado ao povo
O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago e foi atrás. Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão, esqueceu o descanso e começou a ensinar. Aqui transparece o abandono do povo. Jesus ficou com dó, "pois eles estavam como ovelhas sem pastor". Quem lê isso lembra o salmo do bom pastor (Salmo 23). Quando Jesus percebe o povo sem pastor, ele começa a ser pastor. Começa a ensinar. Ele guia o povo no deserto da vida, e o povo pode cantar: "O senhor é meu pastor! Nada me falta!"

sexta-feira, 20 de julho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

Evangelização nova


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,7-13, que corresponde ao XV Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Hoje na Igreja sente-se a necessidade de uma nova evangelização. Em que ela consiste? Onde pode estar sua novidade? Que devemos mudar? Qual foi realmente a intenção de Jesus ao enviar seus discípulos para continuar sua tarefa evangelizadora? O relato de Marcos deixa claro que só Jesus é a fonte, ele é o inspirador e o modelo da ação evangelizadora de seus seguidores. Eles atuarão com sua autoridade. Não farão nada em nome próprio. Eles são “enviados” de Jesus. Não pregarão a si mesmos: anunciarão somente seu Evangelho. Não terão outros interesses: só se dedicarão a abrir caminhos ao reino de Deus.
A única forma de impulsionar uma “nova evangelização” é purificar-se e intensificar esta vinculação com Jesus. Não haverá nova evangelização se não houver novos evangelizadores, e não haverá novos evangelizadores se não houver um contato mais vivo, lúcido e apaixonado com Jesus. Sem ele faremos muitas coisas, menos introduzir seu espírito no mundo.
Ao enviá-los, Jesus não deixa seus discípulos abandonados a suas forças. Oferece-lhes autoridade não para controlar, governar ou dominar aos outros. Oferece, isto sim, uma força para “expulsar espíritos imundos” liberando as pessoas daquilo que as escraviza, daquilo que oprime e desumaniza a sociedade.
Os discípulos conhecem muito bem o que Jesus lhes pede. Eles nunca o viram governando ninguém. Conheceram-no sempre curando feridas, aliviando o sofrimento, regenerando vidas, libertando de medos, contagiando a confiança em Deus. “Curar” e “libertar” são tarefas prioritárias na atuação de Jesus. Elas dariam um rosto diferente para nossa evangelização.
Jesus envia os discípulos somente com o necessário para caminharem. Segundo Marcos, somente levarão “bastão, sandálias e uma túnica”. Não precisam de nada mais para serem testemunhos do essencial. Jesus quer vê-los livres e sem ataduras, sempre disponíveis, sem instalar-se no bem estar, confiando na força do Evangelho
Sem recuperar este estilo evangélico, não há nova evangelização. O importante não é pôr em funcionamento novas atividades e estratégias, mas desprender-nos de costumes, estruturas e servidões que nos impedem ser livres para contagiar o essencial do Evangelho com verdade e simplicidade.
A Igreja tem perdido este estilo itinerante que Jesus sugere. Seu caminhar é lento e pesado. Não consegue acompanhar a humanidade. Não temos agilidade para passar de uma cultura a outra. Seguramo-nos ao poder que temos adquirido. Ficamos atrapalhados em interesses que não coincidem com o reino de Deus. Necessitamos de uma conversão.

sábado, 14 de julho de 2012

Envio dos doze para a missão (Mc 6,6-13)

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus"
Série A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
CEBI Publicações.
Mais informações:vendas@cebi.org.br.


O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras: diante do fechamento da sua família e do seu povoado, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas. Além disso, ele abriu a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova.
Chamando os doze, os enviou com as seguintes recomendações: deviam ir dois a dois, receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar nada no bolso, não deviam andar de casa em casa e, caso não fossem recebidos, deviam sacudir o pó das sandálias e seguir adiante. E eles foram.
É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.


ALARGANDO
Envio e Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era ritualmente "pura".
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que receberam de Jesus e que ainda é a nossa missão:


a) Deviam ir sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade, pois quem vai sem nada vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.


b) Deviam comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver separados com sua própria comida e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato como o povo, não deviam ter medo de perder a pureza como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.


c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos. Isto é, deviam conviver de  maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca, "pois todo o operário merece salário" (Lc 10,7). Em outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas sim o próprio passado.


d) Deviam tratar dos doentes e necessitados, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a função de "defensor" (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos. Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem viver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.

O sacudir a poeira dos pés (6,11) é um gesto que testemunha o julgamento de Deus sobre aqueles que não aceitam o projeto do Pai trazido por Jesus. (BALANCIN, 2005, p. 85). 

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Capacitação Bíblica do Evangelho de Marcos

A Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF) está oferecendo uma capacitação bíblica para agentes de pastoral que desejam aprofundar o tema do Mês da Bíblia 2012.


O livro proposto para este ano é o Evangelho de Marcos, sob a perspectiva da caminhada do discipulado.

Tema: Discípulos missionários a partir do Evangelho de Marcos
Data: 18/08/2012
Horário: 8h30min às 17h
Valor: R$ 20,00 (inscrição e material)

Assessoria: Ir. Katia Rejane Sassi
Local: ESTEF – Rua Tomás Edson, 212 Bairro Santo Antônio - Porto Alegre
Inscrições: Na secretaria da ESTEF, via telefone (32174567) ou e-mail (estef@estef.edu.br)
Obs.: O almoço não está incluído na taxa, ficando por conta de cada participante.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre! (Mc 6,16)

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus" - Série A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI Publicações.
Mais informações: vendas@cebi.org.br


SITUANDO
Marcos apresenta o crescimento do conflito vivido por Jesus e o mistério de Deus que envolvia sua pessoa. Agora, chegando ao fim, a narração entra numa curva. Começa a aparecer uma nova paisagem. O texto que meditaremos nessa e na próxima semana tem duas partes distintas, como os dois pratos da balança. A primeira descreve como o povo de Nazaré se fecha frente a Jesus (Mc 6,1-6) e a segunda descreve como Jesus se abre para o povo da Galiléia enviando os discípulos em missão (Mc 6,7-13).
No tempo em que Marcos escreveu o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. A descrição do conflito que Jesus viveu em Nazaré é do envio dos discípulos, que alargava a missão, despertava nelas a criatividade. Pois para quem crê em Jesus não pode haver uma situação sem horizonte.

COMENTANDO
Marcos 6,1-3: Reação do Povo de Nazaré frente a Jesus
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele e ficou escandalizado. Jesus, um moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré se escandalizou e não aceitou. Motivo? "Esse não é o carpinteiro, filho de Maria?" Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles!
Como se vê, nem tudo foi bem-sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas são as que se recusam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque  não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: "De onde vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?" Não deram conta de crer.
Marcos 6,4-6a: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré
Jesus sabe muito bem que "santa de casa não faz milagre". Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!" De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles.

ALARGANDO
A expressão "Irmãos de Jesus"
Essa expressão é causa de polêmica entre católicos e protestantes. Os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?
Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça, pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la.
Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos nos unir bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé.
CEBI - Centro de Estudos Bíblicos

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora à Luz do Concílio Ecumênico Vaticano II

As cinco Urgências na 
Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil

1ª Urgência: Igreja em estado permanente de missão.

Temos de sair de nós mesmos, de nossas comunidades, de nossas pastorais, de nossos movimentos, de toda a estrutura que edificamos e ir aonde as pessoas estão; não somente ficar à espera delas, mas procurá-las para falar de Jesus Cristo e dos valores do Evangelho.

2ª Urgência: Igreja: Casa da iniciação à vida cristã.

A catequese, como a conhecemos hoje, está ultrapassada e já não evangeliza mais como eficiência. Isso que dizer que ela estava errada? Não, mas que precisa ser urgentemente atualizada.

3ª Urgência: Igreja: Lugar de animação bíblica da vida e da pastoral.

A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus que ilumina os cristãos enquanto discípulos missionários de Jesus presentes em todo o mundo. Para tanto ela deve ser manuseada, refletida, rezada, vivida, amada. A comunidade é o lugar por excelência aonde devemos nos deixar entusiasmar pela Bíblia e pela sua proposta de um mundo novo, encarnada e concretizada em Jesus.

4ª Urgência: Igreja: Comunidade de comunidades.

Vivemos numa época em que somos orientados ao individualismo e ao subjetivismo, inclusive na fé. Tendo consciência do valor e do significado da adesão pessoal a Jesus, não podemos professar e praticar a fé de forma coerente se não o fizermos em comunidade.

5ª Urgência: Igreja a serviço da vida plena para todos.

O nosso Deus é Deus da vida, e não da morte! Ser cristão é sinônimo de ser anunciador, defensor e promotor da vida. A ambição desenfreada, a avareza desumanizadora e o egoísmo exterminador pisoteiam a vida e ferem a dignidade humana.

domingo, 1 de julho de 2012

São Pedro e São Paulo - Tu és o Filho de Deus vivo! Mt 16,13-19

Os três evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, narram esta controvertida passagem da "confissão de Pedro", cada um deles imprimindo suas interpretações teológicas pessoais a suas narrativas. 


Nos evangelhos de Marcos e Lucas, a resposta de Pedro à pergunta de Jesus sobre sua identidade é breve: "Tu és o Cristo (messias)", e merece a repreensão de Jesus. Pedro e os demais discípulos acreditavam que Jesus seria o messias político esperado, que daria ao povo judeu a glória e o poder sobre as demais nações, como um novo Davi, conforme a imagem elaborada pela tradição do Primeiro Testamento. Jesus censura Pedro por esta compreensão e procura demovê-la da mente dos discípulos.


Mateus modifica a narrativa original de Marcos e também adotada por Lucas. Ele dá um novo sentido à resposta de Pedro, à qual acrescenta a proclamação "Filho de Deus vivo". Segue-se a fala de Jesus confirmando a profissão de seu messianismo celeste, ao elogiar a fala de Pedro, declarando-a como revelação divina. Com o acento sobre o caráter messiânico cristológico de Jesus, Mateus dá uma resposta às suas comunidades, oriundas do judaísmo. Ele escreve na década de 80, depois da destruição do Templo de Jerusalém, quando os cristãos inseridos na comunidade judaica estavam sendo expulsos das sinagogas, que até então frequentavam. Ele pretende convencê-los de que em Jesus se realizavam suas esperanças messiânicas moldadas sob a antiga tradição de Israel, de modo a não se intimidarem sob as ameaças e repressão da sinagoga e permanecerem na comunidade cristã.


Com a visão teológica de Mateus ficam estabelecidas duas identidades para Jesus: uma, é "o filho do homem", o simples Jesus de Nazaré, inserido na humanidade, na sua humildade, e presente entre ela até o fim dos tempos, porém, dignificando-o e divinizando-o; a outra é o "cristo" ou "messias" (cristo do grego, messias do hebraico, significando "ungido"), que é o Jesus ressuscitado, manifestado em glória nos céus, acima dos poderes celestiais, de onde virá para o julgamento final.

Embora no Segundo Testamento se perceba conflitos entre Pedro e Paulo (cf., p. ex., Gl 2,11-14), a liturgia os reúne em uma só festa. Pedro é lembrado pelo seu testemunho corajoso diante da perseguição (At 12,1-11) e Paulo, por seu empenho missionário em territórios da diáspora judaica (2Tm 4,6-8.17-18). 


Tu és o Filho de Deus vivo - José Raimundo Oliva
www.paulinas.com.br