SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Evangelho segundo são Mateus 28,16-20
Os onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram. Então Jesus se aproximou, e falou: "Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo."
A dança da Trindade
Hoje a Igreja nos convida a celebrar a Festa da Santíssima Trindade. Para isso nos propõe este texto, que é a conclusão do evangelho de Mateus.
Iniciamos esta reflexão com a seguinte pergunta: por que este evangelho na Festa da Santíssima Trindade? Ou melhor, que nos revela este evangelho de Deus Trino?
Para buscar a resposta, caminhemos, com nossa imaginação, junto com os discípulos para Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado.
Mateus começa seu evangelho, situando a missão de Jesus na Galiléia (Mt 4,12-17), cidade pobre, para onde, ao concluir o evangelho, os discípulos se dirigem. Desta maneira, diz que a missão da Igreja se enraíza na mesma corrente da missão de Jesus.
Os discípulos, ao verem Jesus, se ajoelham, reconhecem-no como o Senhor Ressuscitado. Esse gesto de adoração é um ato de fé. Entretanto, havia, entre eles, alguns que duvidavam.
É formidável o realismo de Mateus, ao fazer coexistir diante da mesma manifestação de Jesus, alguns que o adoram, e outros que duvidam. Podemos reconhecer nessa pequena comunidade, a nossa Igreja onde convivem luzes e sombras.
Mais ainda, podemos nos reconhecer cada um/a de nós, que experimentamos diante da manifestação de Deus essa divisão dentro de nós: "aqui está o Senhor, adoro-o", e outra parte que diz: "mas será assim?.., será Ele?..., por quê..?".
Adorar o Senhor é uma graça, é resposta ao dom de Sua presença, que nos cativa e surpreende. Por isso peçamos ao Senhor que nos conceda esse presente que nos coloca de joelhos diante dele!
Desta maneira, apresenta-nos a Igreja como discípula. Estão todos aos pés de Jesus, esperando ansiosamente que seu Mestre lhes fale.
Preparemos também nós, nossos corações para acolher as palavras do Senhor que ecoam até hoje. Nelas estão condensadas o mandato missionário da Igreja de todos os tempos: "vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês".
As primeiras palavras de Jesus à sua comunidade que está em torno dele: "Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra". Pela mesma autoridade que ele recebeu do Pai, ele autoriza aos seus seguidores a ir pelo mundo inteiro a continuar sua missão.
E como se fosse pouca essa autoridade para levar adiante o projeto encomendado, Jesus promete estar sempre com os seus: "Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo".
O Ressuscitado é o Emanuel, o Deus conosco! E sua presença em nossa história, em nosso mundo está garantida para sempre, porque sua promessa não só chega até nós, senão que se estende até o final dos tempos.
As palavras "todos os dias", nos comunicam a certeza de que em cada momento, que vivemos, agora mesmo, o Senhor está conosco! Peçamos ao Espírito Santo que nos abra os olhos para reconhecer, no hoje de nossa vida a presença do Emanuel.
O mandato missionário de Jesus a sua Igreja nos revela o coração da Trindade. O desejo de Deus é que a humanidade participe de sua vida de comunhão para a qual fomos criados.
Pelo batismo somos mergulhados na Trindade e ela coloca sua morada em cada cristão/cristã, e começamos a formar parte do povo congregado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O teólogo grego João Damasceno usa uma metáfora muito simples para explicar a comunhão e o movimento de Amor da Trindade, a dança de roda! Essa dança tem uma característica especial: as pessoas divinas se movem de tal forma que há sempre uma no centro e duas ao seu redor.
No entanto, não se trata de uma dança fechada, senão criativamente aberta. Desse movimento de amor surge a criação do universo, da humanidade, de tal forma que o centro da roda passou a ser "ocupado" pela criação, pelo ser humano, a ponto de Santo Irineu dizer: "A glória de Deus é o ser humano vivo", acrescentando que "a glória do ser humano é a visão de Deus", ou seja, participar dessa dança, já agora nesta terra, para logo vivê-la plenamente na eternidade.
Assim, a missão da Igreja, que tem como centro o ser humano, se coloca a serviço, especialmente daqueles que mais precisam da centralidade e da atenção: os pobres, os que sofrem, as pessoas portadoras de deficiência, como nos fazia lembrar a CF deste ano.
Para quê? Para que todos/as vivamos a felicidade e a liberdade de ser parte desta roda de Amor, agora e sempre.
Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém
Referências
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
MARTINI, Card. Carlos Maria. El Evangelio de San Mateo. Bogotá: Ed. Paulinas, 1981.
SUSIN, Luiz Carlos. Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. São Paulo: Ed. Paulinas, 2003.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-evangelho/500156-solenidade-da-santissima-trindade-evangelho-segundo-sao-mateus-28
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