Durante três dias vamos viver o maior acontecimento na história da humanidade, por todo mundo serão revividos os últimos momentos da vida de Jesus. E tudo isso como gesto de obediência, levando às últimas consequências a missão encomendada desde o principio para resgatar a todos que estão submetidos aos comandos do mal. Uma vez mais podemos celebrar com gratidão este grande amor de Deus manifestado na doação do seu Filho na cruz, Deus se manifestou e se manifesta, basta deixá-lo agir na nossa vida.
Hoje começamos o Tríduo de preparação para celebrar o ápice da nossa fé cristã, a Ressurreição de Jesus, serão três dias intensos de celebrações e de rememorização daquilo que foi se passando ao longo de todos os séculos até os nossos dias, hoje podemos dizer que, ‘tudo é mais fácil’, porém não vivemos o suficiente tais festividades como realmente somos chamados.
Ao longo de três dias (Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo) serão oportunidades para acompanhar a Jesus e deixar-nos levar por seu amor, por mais que seja pela dor, pelo sangue, pela cruz, para poder todos juntos cantar o ALELUIA do Cristo Ressuscitado na manhã do Domingo.
A quinta-feira Santa está marcada por gestos e palavras que entram pelos sentidos da nossa vida e que no final somos convidados a fazer o mesmo, porque o que Jesus deseja é provocar a todos aqueles que livremente lhe acompanham pelo caminho do anúncio do Reino, o Reino que Jesus hoje vem mostrar está relacionado ao serviço e a entrega generosa aos demais sem pedir ou buscar nada em troca.
“Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: Fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua” (Ex 12, 14). Assim começo esta reflexão sobre a liturgia de hoje com este texto do final da primeira leitura. Um texto que está cheio de simbolismo e que nos preparará para viver com intensidade este dia Santo. O contexto desta primeira leitura é sobre a noite decisiva na história do povo hebreu, será a grande festa da libertação, quando Moisés com ajuda de Deus liberta o povo da escravidão. Por isso que esta celebração é considerada para ao judeus um memorial em honra do Senhor, como recordação e ao mesmo tempo atualização do amor de Deus que mais uma vez intervêm na historia do seu povo. Hoje podemos dizer que Deus se faz presente na vida de cada judeu, ou seja, para os judeus é um sinal da presença de Deus. Com o decorrer da história Jesus dá um novo sentido e novas dimensões para esta festa da Páscoa. A Eucaristia será o nosso banquete Pascal.
Na segunda leitura de são Paulo aos Coríntios (11, 23-26), de cara, já podemos entender a sua relação com a Eucaristia, porém podemos encontrar outras ideias importantes como uma chamada de atenção à comunidade para que tenham em conta os mais pobres na hora de celebrar o ágape. Mas olhando por outro lado, faço uma ligação com a primeira leitura: “Na noite em que ia ser entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo entregue por vós. Fazei isto em minha memória”. Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em minha memória”. De fato, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (v. 23-26). O que Paulo recebeu pela tradição, transmite aos demais, e isso é o que ele acaba exortando a todos nós, para que cada vez que celebremos a ceia no Senhor, estejamos rememorizando a sua entrega generosa por cada um, para que possamos fazer o mesmo pelos irmãos.
O que vemos no santo evangelho narrado por são João (13,1-15) não se trata da instituição da Eucaristia, como fazem os outros evangelistas, porém, simplesmente deseja remarcar o sentido dos últimos momentos de Jesus. É o momento que Jesus revela aos seus discípulos que o seu amor vai às últimas consequências, passando pelo gesto da humildade nos lavar os pés e pelas palavras da última ceia.
Já no início do evangelho trás um pouco o que a partir desta celebração começaremos a viver ao longo de todos estes dias: “Sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou” (v. 13). Jesus era consciente do que iria acontecer com o passar das horas, porque esta era a sua missão desde o princípio, porque se veio do Pai, ao Pai voltará, mas desde vez, glorioso. Este amor de Jesus até o extremo, não consiste somente no lava pés dos seus discípulos, mas que entregará a sua vida na cruz por eles. Esta é a razão de todos os seus gestos e de todas as suas palavras proclamadas ao longo de toda a sua vida a todos aqueles que se encontrava com ele. Este amor vem como concluir o seu discurso de despedida.
Quando o evangelista João detalha esta cena do lava pés, está dando dois significados de suma importância: por uma parte simbólica e outra, exemplar, ou seja, que somos convidados a servir aos nossos irmãos custe o que custar. Somos convidados a entrar de cabeça dentro do nosso interior e da nossa mente para excluir toda e qualquer forma de prejuízo, rancores, intrigas, etc. para assim, ir ao encontro daquele que necessita. Os pés são imagens da nossa relação com o mundo. Hoje com o exemplo que Jesus nos deixa, somos uma vez mais orientados a lavar os pés daqueles que são impedidos de se aproximar do amor de Deus, seja pela sua condição social, moral e a até mesmo religiosa. Antigamente este gesto de lavar os pés consistia, não somente em questão de limpeza, mas também de cura. Somos chamados a curar a feridas do nosso mundo atual.
A morte de Jesus na cruz, toca nas nossas feridas e principalmente naquelas feridas que podem causar a morte espiritual, feridas que estão no coração, sentimentos, na rotina. Lavar os pés um dos outros tal como Jesus pede, significa curar por meio do amor, do serviço, do perdão, etc. como seguidores de Jesus, devemos curar as feridas uns dos outros e deixar-se curar.
Jesus deixa um presente para todas as gerações, hoje podemos desfrutar deste presente, mas ao mesmo tempo devemos cuidar e conservar tão grande tesouro. Este tesouro somente terá valor para os outros, quando sejamos os seus perpétuos guardiões.
Pe. Lucimar, sf
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