quinta-feira, 29 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

A Demitologização

A partir das tentativas da demitologização, iniciada no século XIX, aprofundada no século XX, tentou-se reescrever e rever os dados do Antigo Testamento. A base é o método histórico-crítico. Foram tirados os livros das origens, desde o Gênesis até os juizes, do âmbito dos escritos históricos, para situá-los, puramente, no contexto teológico. Não descreveriam fatos, mas concepções de vida. Não só as figuras de Adão e Eva caíam, mas também Caím e Abel, Noé e o dilúvio, passavam ao rol das ficções teológicas. Até Abraão, Isaac e Jacó, com seus doze filhos, perderam sua historicidade, para se transformarem em modelos de fé.

Se a narrativa acerca de Abraão, venerado como pai da fé e fundador do Monoteísmo, não passa de uma ficção teológica, como fica nossa fé, que tem nele seu fundamento? É certo que os que elaboraram esta demitologização não perderam a fé abraâmica. Isto significa que esta fé existe e é plenamente histórica. Como se originou não está plenamente esclarecido, depois que se tirou Abraão, Isaac e Jacó do contexto da História. Crer que Adão e Eva não passam de figuras literárias, em nada desmerece seu significado, como concepção da origem do homem. De fato, não cremos, a rigor, nem em Abraão, nem em Adão, mas em Deus, cuja ação, em nosso favor, é narrada através das figuras literárias e figurativas de ambos. É a fé que se quer ressaltar e não um fato histórico, que eventualmente, pudesse colidir com os dados das pesquisas científicas.

Causou maior impacto a demitologização do Moisés e da epopéia do Êxodo. Parece até que o mundo da fé vinha abaixo. Se Moisés não existiu, nem houve Êxodo do Egito, nem conquista militar e sangrenta da Palestina, nem travessia do deserto ao longo de 40 anos, como fica nossa Religião? Tudo não passa de falsificação? E as pesquisas do lugar junto ao Mar Vermelho, por onde os israelitas teriam passado e o lugar do Sinai, apontado como lugar do encontro com Deus?

Na verdade, assim como não cremos em Adão, nem em Abraão, mas no Deus deles, também não cremos em Moisés, mas no Deus dele. E este existe e se revelou, de um modo muito misterioso, no passado. Nossa fé em nada diminuiu com a revolução bultmaniana. Moisés simboliza a lei divina e a organização do povo. Josué representa a entrada do Povo de Israel na Palestina. Não há dúvida que este povo morou na Palestina, quando foram escritos os livros da Bíblia. Como chegou até lá se traduz por uma epopéia de façanhas mais literárias que históricas. Após mais de mil anos, tentou-se sistematizar a doutrina revelada ao longo dos tempos. Quem entende a Sagrada Escritura ao pé da letra, o que em termos exegéticos se chama de fundamentalismo, fica, certamente, abalado com estas propostas. Confunde fé em Deus e nas suas promessas, com fé na história, com suas narrações. Crê mais na apresentação dos fatos que na acolhida de sua mensagem. Certamente a Revolução bultmaniana sacudiu os fundamentos da fé ingênua, de muita gente, bem mais que a revolução copernicana, a revolução freudiana e a revolução darwiniana juntas. Mas, apesar de tudo, a fé continua firme e Deus continua sendo amado e adorado.

O Racionalismo penetrou nas fontes da Revelação. Primeiro eliminou a Tradição. Depois devassou a Bíblia, procurando, prevalentemente, sua base histórica. Seguiu-se uma nova interpretação de suas narrativas, através do método histórico-crítico. Fala-se de uma demitologização, a reduzir a quase nada a História Sagrada. As grandes figuras bíblicas passam para o rol de personagens puramente literárias.


sábado, 24 de março de 2012

Só começamos a entender algo da fé quando nos sentimos amados por Deus - João 12,20-33


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 12,20-33 que corresponde ao Domingo 5º da Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

O atrativo de Jesus

Uns peregrinos gregos que vieram celebrar a Páscoa dos judeus aproximaram-se de Felipe com uma petição: “Queremos ver Jesus”. Não é curiosidade. É um desejo profundo de conhecer o mistério que se encerra naquele Homem de Deus. Também a eles lhes pode fazer bem.


Jesus é visto preocupado. Dentro de alguns dias será crucificado. Quando lhe comunicam o desejo dos peregrinos gregos, pronuncia umas palavras desconcertantes: “Chega a hora de que seja glorificado o Filho do Homem”. Quando for crucificado, todos poderão ver com claridade onde está a Sua verdadeira grandeza e a Sua glória.


Provavelmente ninguém entendeu nada. Mas Jesus, pensando na forma de morte que o espera, insiste: “Quando Eu for elevado sobre a terra, atrairei todos até Mim”. Que se esconde no crucificado para que tenha esse poder de atração? Apenas uma coisa: O Seu amor incrível a todos.


O amor é invisível. Só o podemos ver nos gestos, nos sinais e na entrega de quem nos quer bem. Por isso, em Jesus crucificado, na Sua vida entregue até à morte, podemos perceber o amor insondável de Deus. Na realidade, só começamos a ser cristãos quando nos sentimos atraídos por Jesus. Só começamos a entender algo da fé quando nos sentimos amados por Deus.


Para explicar a força que se encerra em Sua morte na cruz, Jesus utiliza uma imagem simples que todos podemos entender: “Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto”. Se o grão morre, germina e faz brotar a vida; mas se se encerra no seu pequeno involucro e guarda para si a sua energia vital, permanece estéril.


Essa bela imagem descobre-nos uma lei que atravessa misteriosamente a vida inteira. Não é uma norma moral. Não é uma lei imposta pela religião. É a dinâmica que torna fecunda a vida de quem sofre movido pelo amor. É uma ideia repetida por Jesus em diversas ocasiões: Quem se agarra egoisticamente à sua vida, coloca-a a perder; quem sabe entregá-la com generosidade gera mais vida.


Não é difícil comprová-lo. Quem vive exclusivamente para o seu bem-estar, o seu dinheiro, o seu êxito, a sua segurança, acaba vivendo uma vida medíocre e estéril: a sua passagem por este mundo não faz a vida mais humana. Quem se arrisca a viver uma atitude aberta e generosa difunde a vida, irradia alegria, ajuda a viver. Não há uma forma mais apaixonante de viver que fazer a vida dos outros mais humana e leve. Como poderemos seguir Jesus se não nos sentimos atraídos pelo Seu estilo de vida?


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/507751-so-comecamos-a-entender-algo-da-fe-quando-nos-sentimos-amados-por-deus


domingo, 18 de março de 2012

Poderemos ver e sentir o amor de Deus nesse homem torturado na cruz?

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,14-21 que corresponde ao Domingo 4º da Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Olhar o Crucificado

O evangelista João nos fala de um estranho encontro de Jesus com um importante fariseu, chamado Nicodemos. Segundo o relato, é Nicodemos quem toma a iniciativa e vai até Jesus “de noite”. Intui que Jesus é “um homem vindo de Deus”, mas move-se entre trevas. Jesus irá conduzindo-o até à luz.

Nicodemos representa no relato todos aqueles que procuram sinceramente encontrar-se com Jesus. Por isso, em certo momento, Nicodemos desaparece de cena e Jesus prossegue o Seu discurso para concluir com um convite geral a não viver nas trevas, mas a procurar a luz.

Segundo Jesus, a luz que pode iluminar tudo está no Crucificado. A afirmação é atrevida: “Tanto amou Deus ao mundo que entregou o Seu Filho único para que não pereça nenhum dos que creem Nele, mas que tenham a vida eterna”. Poderemos ver e sentir o amor de Deus nesse homem torturado na cruz?

Habituados desde criança a ver a cruz por toda a parte, não aprendemos a olhar o rosto do Crucificado com fé e com amor. O nosso olhar distraído não é capaz de descobrir nesse rosto a luz que poderia iluminar a nossa vida nos momentos mais duros e difíceis.

No entanto, Jesus nos envia sinais de vida e de amor.

Nesses braços estendidos que já não podem abraçar as crianças, e nessas mãos cravadas que não podem acariciar os leprosos nem bendizer os doentes, está Deus com os Seus braços abertos para acolher, abraçar e sustentar as nossas pobres vidas, rasgadas por tantos sofrimentos.

Desde esse rosto apagado pela morte, desde esses olhos que já não podem olhar com ternura os pecadores e prostitutas, desde essa boca que não pode gritar a Sua indignação pelas vítimas de tantos abusos e injustiças, Deus revela-Nos o Seu “amor louco” pela humanidade.

“Deus não mandou o Seu Filho para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele”. Podemos acolher a esse Deus e podemos rejeitá-Lo. Ninguém nos força. Somos nós os que temos de decidir. Mas “a Luz já veio ao mundo”. Por que tantas vezes rejeitamos a luz que nos vem do Crucificado?

Ele poderia pôr luz na vida mais desgraçada e fracassada, mas “o que age mal... não se aproxima da luz para não se ver acusado pelas suas obras”. Quando vivemos de forma pouco digna, evitamos a luz porque nos sentimos mal ante Deus. Não queremos olhar o Crucificado. Pelo contrário, “o que realiza a verdade, aproxima-se da luz”. Não foge para a escuridão. Não tem nada para ocultar. Procura com o seu olhar o Crucificado. Ele faz viver na luz.

José Antonio Pagola cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, e Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Foi professor de Cristologia na Faculdade Teológica do Norte da Espanha (Vitoria).  É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia.  Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião.  Há sete anos se dedica exclusivamente a pesquisar e tornar conhecida a pessoa de Jesus.



Quem não crer, já está condenado. Condenado a quê? João 3,14-21

Edmilson Schinelo é colaborador do CEBI.

É organizador do livro Bíblia e Negritude e outras publicações

vendas: vendas@cebi.org.br


O texto do evangelho a ser proclamado neste domingo (Jo 3,14-21) traz uma bonita e ao mesmo tempo controversa frase: Deus amou o mundo de tal maneira que entregou seu Filho único para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3,16). Tamanho foi o amor de Deus que nos deu seu único filho! Mas por que o mesmo Deus que proibiu o sacrifício de Isaac (Gn 22) entregaria seu próprio filho? Queria o pai que seu Filho fosse morto por nós? Se não queria, por que permitiu isso? Era necessário que o Filho do Homem fosse levantado no madeiro (Jo 3,14)?
Sabemos que o quarto evangelho teve sua redação já no final do primeiro século, momento em que muita gente vinha entregando a vida pela causa do Evangelho, no serviço aos pobres, na partilha dos bens e até mesmo no enfrentamento com o Império Romano, por meio do martírio. Por outro lado, não era pequeno o grupo que contestava essa postura: para seguir Jesus bastava buscar a "iluminação", abrir-se ao conhecimento, à gnose. Para quem assim pensava, o logos era luz a ser atingida pelo esforço do intelecto, não pela prática concreta. Corrigindo esta distorção, o quarto evangelho afirma já em seu prólogo: o verbo, a luz verdadeira, fez-se carne, gente de fato, viveu acampado no nosso meio! (Jo 1, 9.14).

Procurando Jesus às escondidas

De acordo com as narrativas joaninas, havia um grupo de pessoas simpáticas ao projeto de Jesus, mas com dificuldades de assumir publicamente essa postura. Tais pessoas sempre procuravam Jesus às escondidas (Jo 3,2) e por isso a tradição os apelidou de cripto-cristãos.
Nicodemos fazia parte desse grupo. Foi modelo para muitos que, à época da redação do evangelho, não podiam ou não queriam assumir publicamente sua fé em Jesus. Pessoa influente entre os judeus, Nicodemos era fariseu e membro do Sinédrio (Jo 3,1). Mais tarde, até tentou evitar a condenação de Jesus no Sinédrio (7,50). Na versão do quarto evangelho, também foi ele quem trouxe os perfumes para a preparação do corpo do Mestre (19,39). Mas teve dificuldades de assumir publicamente seu compromisso com o Reino.

Jesus há havia dito a Nicodemos que era preciso "nascer do alto" (Jo 3,3). Num jogo de palavras, era como "nascer de novo". Nicodemos não entendeu que Jesus esperava um renascer da água e do Espírito (3,5).
A conversa entre os dois segue em forma de poema, no qual se misturam as palavras de Jesus com as de quem escreveu o evangelho. E se Nicodemos tem dificuldade de procurar Jesus durante o dia, de ser testemunho aberto da luz (1,7), Jesus será elevado, para que seja visto por todo o mundo, para que o mundo seja salvo por ele.

Deus amou tanto o mundo...

O termo mundo (kósmos) é utilizado pelo quarto evangelho para designar tudo o que se opõe ao Reino, ao projeto de Jesus. Por isso, diante de Pilatos, Jesus afirma categoricamente: "O meu reino não é deste mundo" (Jo 19,26). Uma tradução possível e até melhor para esta frase seria: "Meu reino não é conforme - de acordo com - este mundo!" O mundo de Pilatos era o mundo do império romano: ocupação militar, corrupção, exploração dos pobres, violência contra as mulheres e as crianças. Jesus denuncia publicamente essa farsa, por isso é levantado no madeiro (Jo 3,14). O império o condena. É elevado ao trono, mas sua glória é a cruz.
Entretanto, mesmo denunciando esse mundo e por ele condenado, não quer a sua condenação. Deus enviou Jesus não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3,17). E da mesma forma que foi enviado, Jesus faz questão de afirmar que ao mundo também enviou seus discípulos (Jo 17,18).

A condenação e o assassinato de Jesus são atitudes e escolha do "mundo" e não o desejo de Deus. Temos que assumir que é nossa a culpa pela morte de tanta gente inocente. Não nos serve a atitude de Pilatos que, mesmo reconhecendo a inocência de Jesus, é conivente e autoriza a sua morte (Jo 19,6.16). Entretanto, a comunidade joanina, ao refazer a releitura de Gn 22 (a preservação da vida, o não-sacrifício de Isaac), quer ressaltar o quando Deus ama esse mundo e como deseja a conversão e a mudança de comportamento.

Quem não crer, já está condenado!

O Evangelho de João parece cair em contradição: no conjunto, insiste na salvação do mundo; aqui explicita a condenação: a luz veio ao mundo, mas muitos dos seres humanos preferiram as trevas (Jo 3,19); o mundo não o reconheceu (Jo 1,10). Quem não crer, de antemão já está condenado (Jo 3,18). Uma tradução melhor seria "julgado" (em grego, kríno). O acréscimo de Marcos modificou o texto e o verbo: além de crer, é preciso ser batizado (Mc 16,16). Quem não crer será condenado (Marcos usa outro verbo - katakríno, mais ligado a "dar a sentença")
Há quem prefira interpretar que a fé em Jesus é condição para a salvação. Estariam condenadas as pessoas que não acreditam e não aceitam a luz. É até possível que seja essa a intenção dos redatores, tamanha era perseguição do mundo sobre as comunidades à época da redação do texto. Entretanto, duas perguntas são muito importantes: Quem condena? E condena a quê?

Com certeza, quem nos condena não é Deus. Tamanho é o seu amor por nós que nos enviou seu próprio Filho! Nós mesmos/as fazemos a escolha, a opção é nossa. Estamos "no mundo", mas podemos deixar de viver "conforme o mundo".

Mas a que nós podemos nos condenar? Condena-se a si mesmo quem decide pelo projeto do "mundo". Neste sentido, "crer" é aderir, aceitar, entregar-se, integrar-se no outro projeto, o do Reino.
Não é bom que corramos o risco de nos condenar à tristeza e à frustração de quem não consegue crer que Deus nos ama e que "outro mundo é possível". Não podemos nos condenar ao individualismo e ao isolamento apregoados pela sociedade moderna. O caminho é a solidariedade, a partilha e o compromisso com quem sofre injustiças. Não fazer essa escolha é ficar na indecisão de Nicodemos. E então nos sobraria a "opção" de nos consolar comprando flores e perfume para o túmulo, como fez esse líder dos judeus.

Edmilson Schinelo


sexta-feira, 9 de março de 2012

UMA FAXINA NA CASA DE DEUS - JESUS É O NOVO TEMPLO (João 2,13-25)

Jesus é o novo templo (João 2,13-25) - Mesters, Lopes e Orofino

Texto extraído do livro "Raio-X da Vida - Círculos Bíblicos do Evangelho de João"
Autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino.
Publicação do CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
www.cebi.org.br
A Palavra na Vida 147/148.
vendas: vendas@cebi.org.br

SITUANDO
O início da atividade de Jesus foi apresentado dentro do esquema de uma semana. Agora, ao iniciar a descrição dos sinais que acontecem no sábado prolongado, o Quarto Evangelho adota o esquema das festas. Sábado é festa! Todos os sinais relatados por João estão relacionados, de uma ou de outra maneira, com festas importantes da vida do povo: casamento (Jo 2,1), Páscoa (Jo 2,13; 6,4; 11,55; 12,12; 13,1); Tendas (Jo 7,2.37); Pentecostes (Jo 5,1), Dedicação do Templo (Jo 10,22).
Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas colocam a expulsão do templo no fim da atividade de Jesus, pouco antes da sua prisão, como um dos motivos que levaram as autoridades a prender e matar Jesus. O Evangelho de João coloca o mesmo episódio no começo da atividade de Jesus. É para que as comunidades entendam que a nova imagem de Deus, revelada por Jesus, não está mais no antigo templo de Jerusalém, mas sim no novo templo que é Jesus. Não se pode colocar remendo novo em pano velho (Mc 2,21).
COMENTANDO
João 2,13-14: Na festa da Páscoa, Jesus vai ao Templo para encontrar o Pai, e encontra o comércio
Os outros evangelhos relatam apenas uma única visita de Jesus a Jerusalém durante a sua vida pública, aquela em que ele foi preso e morto. O Evangelho de João traz informações mais exatas. Ele diz que Jesus ia a Jerusalém nas grandes festas. Ir a Jerusalém significa ir ao Templo para encontrar-se com Deus. No casamento em Caná apareceu o contraste entre o vazio do Antigo Testamento e a abundância do Novo. Aqui vai aparecer o contraste entre o antigo templo, que virou casa de comércio, e o novo templo que é Jesus.
João 2,15-16: Jesus faz uma faxina no templo
No templo havia o comércio de animais para os sacrifícios e havia as mesas dos cambistas, onde o povo podia adquirir a moeda do imposto do templo. Vendo tudo isto, Jesus faz um chicote de cordas e expulsa do templo os vendedores com seus animais. Derruba as mesas dos cambistas, joga o dinheiro no chão e diz aos vendedores de pombas: "Tirem essas coisas daqui! Não façam da casa do meu Pai uma casa de comércio!" O gesto e as palavras de Jesus lembram várias profecias: a casa de Deus não pode ser transformada em covil de ladrões (Jr 7,11); no futuro não haverá mais vendedor na casa de Deus (Zc 14,21); a casa de Deus deve ser uma casa de oração para todos os povos (Is 56,7).
João 2,17: Os discípulos procuram entender o gesto de Jesus
Vendo o gesto de Jesus, os discípulos foram lembrando outras frases e fatos do Antigo Testamento: o salmo que diz: "O zelo de tua casa me devora" (Sl 69,10), e o profeta Elias que dizia: "Eu me consumo de zelo pela causa de Deus" (1Rs 19,9.14). Naquele tempo diziam: "A Bíblia se explica pela Bíblia". Ou seja, só Deus consegue explicar o sentido da Palavra de Deus. Por isso, se os gestos de Jesus são Palavras de Deus, então devem ser iluminados e interpretados a partir da Palavra de Deus presente na Escritura. Isto ajuda a atualizar o significado das coisas que Jesus fez e falou, e a manter viva a sua presença no meio de nós. Aqui se percebe como é importante o mutirão de memória para lembrar outros textos da Bíblia.
João 2,18-20: Diálogo entre Jesus e os judeus
Tocando no templo, Jesus tocou no fundamento da religião do seu povo. Os judeus, isto é, os líderes, perceberam que ele tinha agido com muita autoridade. Por isso, pedem que apresente os documentos: "Que sinal você nos dá para agir desse jeito?" Jesus responde: "Podem destruir esse templo e em três dias eu o levantarei!" Jesus falava do templo do seu corpo, que seria destruído pelos judeus e em três dias seria totalmente renovado através da ressurreição. Os judeus tomaram as palavras de Jesus ao pé da letra e zombaram dele: "Levaram 46 anos para fazer este templo e você o levantará em três dias!" É como se dissessem com desprezo: "Vá enganar outro!" Sinal de que nada entenderam do gesto de Jesus, ou não quiseram entendê-lo!
João 2,21-22: Comentário do evangelista
Os discípulos também não entenderam o significado desta palavra de Jesus. Foi só depois da ressurreição que compreenderam que ele estava falando do templo do seu corpo. A compreensão das coisas de Deus só acontece aos poucos, em etapas. A expulsão dos comerciantes tinha ajudado a entender as profecias do Antigo Testamento. Agora, é a luz da ressurreição que ajuda a entender as palavras do próprio Jesus. Jesus ressuscitado é o novo templo, onde Deus se faz presente no meio da comunidade.
João 2,23-25: Comentário do evangelista sobre a fé imperfeita de algumas pessoas
Naqueles dias da festa da Páscoa, estando Jesus em Jerusalém, muita gente começou a crer nele por causa dos sinais que ele fazia. O evangelista comenta que a fé da maioria destas pessoas era superficial, só da boca para fora. Este breve comentário sobre a imperfeição da fé das pessoas deixa uma pergunta importante na cabeça da gente: "Então, como é que eu devo fazer para crescer na fé?" A resposta vai ser dada na conversa de Jesus com Nicodemos.
ALARGANDO
Jesus e o templo
Para os judeus no tempo de Jesus, o centro do mundo, o lugar onde céu tocava na terra era o Santo dos Santos no templo de Jerusalém. Sendo o lugar central da religião, o culto no templo regulava a vida cotidiana de todos. O judeu piedoso, não importando o lugar em que morasse, deveria ir ao templo uma vez na vida. Mesmo no lugar mais distante, quando fazia suas orações a pessoa devia orientar seu corpo em direção a Jerusalém e ao templo. O templo era o lugar para onde convergiam as multidões de romeiros três vezes ao ano, por ocasião das grandes festas nacionais.
Sendo de família judia, Jesus segue a prática religiosa de sua gente. Por ser o primogênito de José e de Maria, ele foi apresentado a Deus no templo quando nasceu. Aos 12 anos fez o ritual de passagem para a vida adulta, lendo um trecho da Lei diante dos escribas do templo. Com seus familiares participava das romarias anuais por ocasião das festas. Durante sua vida pública, Jesus toma atitudes de verdadeiro profeta, denunciando os desvios do culto celebrado no templo. Seu gesto de expulsar do santuário os cambistas e os vendedores lembra as palavras de Miquéias (Mq 3,11-12), de Jeremias (Jr 26,1-18) e de Isaías (Is 66,1-4). Retomando as palavras de Oséias (Os 6,6), Jesus proclama a superioridade da misericórdia sobre os sacrifícios (Mt 12,7-8).
As primeiras comunidades dos seguidores e seguidoras de Jesus eram todas formadas por gente vinda do judaísmo da Palestina. No início, estas pessoas continuavam ligadas ao templo e frequentavam o santuário para rezar (At 2,46; 3,1). Mas, com o tempo, judeus helenistas e samaritanos entraram na comunidade. Estas pessoas não tinham uma ligação tão profunda com o templo de Jerusalém. Principalmente os samaritanos, que tinham seu próprio santuário no alto do monte Garizim (Jo 4,20). A presença destas pessoas fez com que as comunidades começassem a perceber que a prática libertadora de Jesus tornava inúteis os sacrifícios apresentados pelos sacerdotes do templo.
Depois do ano 70, com a destruição do templo, as comunidades releram as palavras de Jesus e concluíram que o templo de Jerusalém estava ultrapassado. A Glória de Deus não habitava mais naquele espaço! As comunidades do Discípulo Amado foram as que mais avançaram nesta reflexão. Elas concluíram que em Jesus, Palavra de Deus feita carne, reside a Glória de Deus (Jo 1,14). Jesus é o novo templo! O corpo de Jesus, ou seja, a sua realidade humana, é o local em que habita a plenitude da Divindade (Jo 2,21-22). Deus não se prende a nenhum santuário, nem o de Jerusalém nem o do monte Garizim. O que o Pai quer são os verdadeiros adoradores, aquelas pessoas que manifestam Deus em suas vidas através do amor ao próximo. Estas são as que o adoram "em espírito e verdade" (Jo 4,23). O verdadeiro templo de Deus é a comunidade, onde as pessoas são todas sacerdotes e sacerdotisas, "as palavras vivas", que continuamente oferecem a Deus o autêntico sacrifício espiritual (1Pd 2,4-5). Por isso mesmo, no Evangelho de João, a limpeza da casa de Deus acontece no início da vida pública de Jesus.

domingo, 4 de março de 2012

Este é o meu filho amado, escutai-o (Marcos 9,2-10)

Ildo Bohn Gass

Situando o texto na estrutura do Evangelho e na intenção de Marcos
Neste domingo, muitas comunidades celebram, tendo como Evangelho a narrativa de Marcos que apresenta Jesus vitorioso sobre a morte e sobre os poderes que o mataram. É o texto mais conhecido como a transfiguração de Jesus no monte (Marcos 9,2-10).
Conforme o plano deste Evangelho, encontramo-nos na parte que se refere ao caminho do discipulado, do seguimento (Marcos 8,22-10,52). É o caminho em que Jesus vai abrindo os olhos, isto é, vai instruindo as pessoas que o seguem sobre quais os critérios e quais as exigências do seguimento ao projeto do Reino. Por isso, começa narrando a cura da cegueira como um processo (Marcos 8,22-26) que somente será completo, depois de todas as orientações de Jesus, quando Bartimeu, curado da cegueira, decide seguir Jesus pelo caminho (Marcos 10,46-52). Nesse caminho, estão os três anúncios da paixão (Marcos 8,31-32; 9,30-31; 10,32-34). Cada anúncio vem seguido pela incompreensão ou cegueira dos discípulos e por instruções de Jesus sobre o seguimento. O relato da transfiguração no monte faz parte das instruções após o primeiro anúncio da paixão. Sua função é contribuir na cura da cegueira, na falta de entendimento do caminho, do seguimento ontem e hoje.

Além disso, este relato é uma leitura pós-pascal e pretende narrar antecipadamente a vitória de Jesus sobre a morte na cruz, apresentando-o como o messias glorioso. É o que indica sua roupa brilhante (Marcos 9,3). A ressurreição, a vitória sobre a cruz, é a vida em toda a sua plenitude que vence os poderes de morte deste mundo. É que nos encontramos num momento em que a cruz do império mais uma vez pesa forte sobre o povo. Estamos no período da guerra judaico-romana (66 a 73 dC), realidade em que este Evangelho foi escrito nos arredores da Galileia.

Por um lado, apresentar Jesus vitorioso sobre a cruz anima as comunidades a resistirem com esperança contra a violência imperial. E a crucificação era o instrumento principal de condenação à morte para quem não se submetesse ao poder implacável de Roma.

Por outro lado, esta narrativa quer ajudar a superar a dificuldade em aceitar Jesus como o messias, uma vez que fora crucificado como alguém que ameaçara o poder colonialista na região. É como escreve a própria comunidade de Marcos: Acima dele, havia a inscrição do motivo: ‘O rei dos judeus' (Marcos 15,26). Para os judeus, ser pendurado numa árvore, ter o corpo exposto de forma humilhante como advertência às demais pessoas que não se sujeitavam à opressão era um escândalo (Deuteronômio 21,22-23; Josué 8,29; 10,26). Daí a resistência de muitas pessoas de origem judaica em aceitar Jesus como o messias. E para os gentios, também havia uma dificuldade para aderirem a Jesus como o enviado de Deus. Era o fato de ele ter sofrido a pena de morte. Era uma loucura, algo inaceitável e que impedia reconhecerem em Jesus o filho amado do Pai (1 Coríntios 1,23).

Abrindo olhos e corações
Para ajudar as comunidades neste contexto a aderirem firmemente ao messias, que passou pela cruz, e para resistirem com esperança num momento em que a cruz fazia parte do cotidiano durante a guerra com os romanos em torno do ano 70, Marcos faz memória das Escrituras judaicas como luz a iluminar o caminho do discipulado, do seguimento. Com essa narrativa, Marcos quer ajudar as comunidades a perceberem que a cruz, em vez de ser escandalosa ou uma loucura, revela a fidelidade de Jesus à defesa da vida, ao projeto do Pai.

As tradições do passado iluminam o presente
Primeiro, apresenta a vida de Jesus transfigurada, com um novo brilho, um novo sentido (Marcos 9,2-4). Ela revela a força de Deus. Manifesta a sua glória na fidelidade de seu ungido até as últimas consequências. Ao mesmo tempo, a transfiguração ou ressurreição de Jesus manifesta, de um lado, a condenação de Deus sobre a violência imposta pelos poderes deste mundo. De outro, revela também a exaltação, o reconhecimento de quem dá sua vida em favor do projeto do Reino e de sua justiça, como fiel servidor.

Ao lembrar um alto monte em um lugar deserto, vem à memória o brilho da aliança de Deus com seu povo liberto da casa da escravidão e a caminho da partilha do pão, do poder e da terra. Em Jesus, renova-se essa aliança, esse mesmo projeto libertador, projeto de vida.

Elias é o representante da profecia. Moisés faz lembrar não somente o êxodo, mas também todo Pentateuco, toda lei, que a tradição judaica atribuía a ele. Por um lado, a lei e os profetas, isto é, todas as Escrituras, se realizam em Jesus. Ou seja, o Nazareno dá continuidade à primeira aliança, levando-a a sua plenitude. Por outro lado, a comunidade de Marcos apresenta Jesus como um profeta que, como os profetas Elias (1 Reis 17,1) e Moisés (Deuteronômio 18,15), veio anunciar um novo êxodo de liberdade para seu povo. O fato de Jesus subir no alto de uma montanha (Mc 9,2) confirma esta perspectiva, pois é uma referência ao monte Sinai, no qual, segundo as narrativas de Êxodo 19-24, Deus deu a conhecer ao povo o seu projeto de vida e de liberdade. Se lá Moisés teve a responsabilidade de mediar a aliança, agora essa mediação é tarefa de todas as comunidades representadas pelos três apóstolos. A roupa resplandecente, muito branca, tal como também resplandecera a face de Moisés no monte Sinai (Marcos 9,3; Êxodo 34,29-35), manifesta a glória de Deus em Jesus vitorioso sobre a morte.
  
A cegueira de Pedro
Quando Jesus anunciou a cruz como consequência de sua fidelidade à luta pela vida em abundância para todas as pessoas (Marcos 8,31; João 10,10), Pedro já havia revelado sua cegueira, sua incompreensão (Marcos 8,32). E Jesus o repreendera por isso, dizendo que todas as vezes que traímos o projeto do Reino nos tornamos Satanás (Marcos 8,33). Agora, ao propor ficar na montanha e construir três tendas, Pedro novamente revela sua falta de compreensão (Marcos 9,5-6). Ele ainda não entendeu que a construção da justiça do Reino não permite privilégios, nem acomodação. Ser discípulo não é somente participar da glória de Jesus, mas é também carregar a sua cruz, gerando e defendendo a vida.

Pedro não está sozinho. Com ele, estão Tiago e João. Representam, portanto, a toda comunidade, inclusive a nós. Dessa forma, a narrativa questiona também a nossa cegueira quando ela nos induz a limitar a execução de Jesus a uma morte em nosso favor desvinculada de toda uma trama que o levou à cruz. Em outras palavras, o texto questiona nossa dificuldade em aceitar Jesus de Nazaré como o messias de Deus, como alguém que não retrocedeu diante do projeto de morte e firmemente enfrentou a violência da cruz imposta por interesses religiosos e imperialistas, tal como um servo sofredor que dá sua vida por fidelidade ao povo e a Deus. Quantas pessoas nós conhecemos e que também sofreram morte violenta por defenderem vida digna?
O fato de Jesus pedir silêncio até a hora da cruz (Marcos 9,9-10) confirma a intenção da comunidade de Marcos. Não é possível desvincular a missão de Jesus da sua morte violenta imposta pelos romanos em conluio com as autoridades do templo. Estas, aliás, indicadas ou confirmadas por aqueles. Portanto, autoridades dependentes e também a serviço do poder central. Assim, a cruz fez parte da vida de Jesus, não por que Deus assim o exigisse e sentisse prazer com sua execução, mas por ele ser fiel à missão na defesa da vida. Dessa forma, assumiu a mesma cruz que fez parte da vida dos profetas no passado e também da vida dos exilados violentados pela tirania babilônica, tal como um servo sofredor condenado à morte (Isaías 53,3-9).
 
Este é o meu filho amado, escutai-o
Por fim, novamente a memória das Escrituras ilumina a missão de Jesus (Marcos 9,7-9). A nuvem é um dos símbolos privilegiados na Bíblia para falar da presença de Deus (Êxodo 13,21; 16,10; 34,5; 40,34-38; Números 12,5). E, tal como em Lucas o anjo dissera a Maria ‘o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra' (Lucas 1,35), agora desceu uma nuvem sobre a montanha, cobrindo-os com a sua sombra (Marcos 9,7). É o Pai confirmando a missão do Filho. Do seio de Deus saiu uma voz que disse: Este é meu filho amado, escutai-o (Marcos 9,7), da mesma forma como já havia anunciado por ocasião do batismo: Tu és o meu filho amado (Marcos 1,11). Jesus é o Emanuel, presença libertadora de Deus entre nós.

E mais. Ele é o servo amado, o filho amado, experimentado e aguardado há muito tempo pelo movimento profético (Isaías 42,1). A expressão ‘escutai-o' confirma essa perspectiva. O servo amado tem ouvidos de discípulo para proclamar ao cansado palavras de conforto (Isaías 50,4). E quando o povo hebreu alimentou sua esperança na vinda de um profeta como Moisés, o chamado também foi: escutai-o (Deuteronômio 18,15). A atitude de escuta da voz de Deus em toda a sua criação, especialmente na voz de quem clama por vida plena, é uma das mais profundas formas de oração, de comunhão com o sagrado.
O fato de Moisés e Elias desaparecerem de cena mostra que a missão deles se integra na de Jesus, e este dá uma nova perspectiva às antigas tradições. Não mais um legalismo sobreposto à profecia, mas novamente a profecia, libertada pelo amor fiel de Jesus até a cruz, é o novo espírito que fortalece a quem o segue pelo caminho. Em sua vida, revela-se o amor pleno de Deus por nós.

Não é possível acomodar-se no alto da montanha. Escutar a sua voz desinstala e leva a descer para junto do povo sofrido e tornar o Reino de Deus presente, sem ufanismo ou triunfalismo (Marcos 9,9), mas seguindo humildemente o servo Jesus na sua prática libertadora.


CEBI

sábado, 3 de março de 2012

Padre Léo Hastenteufel é o novo vigário episcopal do Vicariato de Guaíba

O Vicariato de Guaíba tem um novo Vigário Episcopal: O padre Léo Hastenteufel foi escolhido pelo Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings para guiar os trabalhos pastorais para aquela região. O presbítero assume o posto em substituição a dom Remídio José Bohn, que foi nomeado pelo Papa Bento XVI para Diocese de Cachoeira do Sul.

Nascido em Linha Francesa Alta, em Salvador do Sul no ano de 1959, padre Léo Hastenteufe é formado em filosofia e teologia pela PUCRS e foi ordenado por dom Claúdio Colling no dia 11 de janeiro de 1986, em sua cidade natal. Padre Léo é irmão do bispo de Novo Hamburgo Dom Zeno Hastenteufel.

Dentre suas atividades, registram-se as passagens pelas Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Gravataí), Paróquia Imaculada Coração de Maria (Esteio), coordenador de Pastoral do Vicariato de Canoas e, desde 2010, desenvolvia trabalho como pároco na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em São Jerônimo.

O novo vigário episcopal irá desenvolver atividades em um Vicariato criado em 2001, que abrange 19 municípios, com 21 paróquias e 270 comunidades.

Fonte: Site da Arquidiocese de Porto Alegre
Jornalista Magnus Regis
Foto: Breno Bornhorst

quinta-feira, 1 de março de 2012

Falecimento do Pastor e Professor Milton Schwantes

Faleceu em São Paulo, nesta madrugada, após vários meses de internação, o pastor, teólogo e biblista luterano Milton Schwantes.
São inúmeras as pessoas que foram animadas, inspiradas e desafiadas em seu próprio testemunho cristão por sua pesquisa bíblica e pela agudeza de suas análises, também por sua criativa irreverência, não por último por seu amor aos “mais pequenos/as”. Há anos teve que se submeter a uma delicada intervenção cirúrgica no cérebro, da qual saiu com graves limitações físicas, em particular da visão. Continuou, porém, muito ativo teologicamente.
 
 
Há mais de 80 dias atrás foi internado, inicialmente por causa de uma insuficiência renal. Conforme os médicos, porém, surgiu uma constelação de problemas que foram abalando sua saúde mais e mais (rim, coração, pulmão, intestino). Ficou estes mais de 80 dias em unidade de tratamento intensivo, vindo agora a falecer. Já que Milton tinha incontáveis relações de amizade Brasil e América Latina afora, e mesmo no mundo, são incontáveis também as pessoas que, tristes e consternadas, erguem suas preces a Deus, agradecendo por seu testemunho cristão e, certos de que Deus o tenha acolhido em sua paz, intercedem pela esposa e familiares.

O movimento de leitura popular da Bíblia e a pesquisa bíblica perdem um dos seus grandes nomes. E perdemos todos/as nós um colega, amigo e irmão.

Sentimo-nos irmanados  neste momento de dor e  luto  pela perda de nosso irmão na  fé   MILTON  SCHWANTES, irmão no trabalho bíblico-teológico e na caminhada com o povo de  Deus simples, humilde e pobre.  Nosso fazer teológico se transforme num hino de gratidão por toda rica contribuição na reflexão bíblica-teológica.