MESTERS, C.; OROFINO, F. A Caminhada do Povo de Deus. Os desafios da travessia: Ex 15-18. São Leopoldo: CEBI, 2011, 48 p. - ISBN 9788577331253
Por Luciano Giopato Roncoleta
Carlos Mesters nasceu na Holanda em 20 de outubro de 1931, mas veio para o Brasil em 1949. Cursou Teologia no Angelicum, em Roma, e Ciências Bíblicas no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na École Biblique de Jerusalém. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa do Instituto Teológico São Paulo (ITESP). Idealizador do CEBI, Mesters é um dos principais exegetas brasileiros.
Francisco Orofino é biblista e educador popular. É também assessor nacional do CEBI e do ISER. Fez doutorado em Teologia Bíblica na PUC-Rio (2000).
Ao apresentar este subsídio, os autores explicam o assunto, o tema, o lema e o objetivo a ser alcançado neste Mês da Bíblia de 2011. Explicam também que a palavra "caminhada", entendida como travessia de uma situação de opressão para a situação de vida plena, presente no título deste livro, era a mais usada pelos primeiros cristãos para designar o movimento de Jesus e que até hoje esta é a palavra mais usada para designar o movimento de renovação da Igreja através das CEBs. O livro, dizem, tem duas partes: uma curta e uma longa. A curta dá uma visão global da Caminhada do Povo de Deus descrita no Livro do Êxodo; a longa traz oito Círculos Bíblicos que fazem uma Leitura Orante de Ex 15-18 e Ex 20.
:: Na primeira parte do livro, a curta, se mostra como Ex 15-24, em dez capítulos e duas partes, descreve a caminhada o povo após a travessia do mar e, em seguida, a celebração da Aliança entre Deus e o povo no Sinai.
Ora, os casos contados em Ex 15-18 são muito simples, bem populares, às vezes exagerados - quem conta um conto, aumenta um ponto! -, mas não para enganar e sim para mostrar melhor a mensagem que os fatos tinham para a caminhada do povo. E em Ex 19-24 os seis capítulos trazem um roteiro litúrgico no qual o povo celebra tudo aquilo que tinha aprendido na caminhada pelo deserto. No Mês da Bíblia deste ano aprofundaremos a primeira parte - Ex 15-18 (e Ex 20) - desta que os autores chamam de Cartilha da Caminhada do Povo de Deus.
Cartilha que é, como dizem, uma parede nova feita com tijolos velhos. Os tijolos podem ser lá do começo de Israel - séculos XII e XI a.C. - mas a parede foi feita devagar, começando talvez na época do rei Ezequias, no século VIII a.C., continuando na época do rei Josias, século VII a.C., e só terminando lá pelo século V a.C., no pós-exílio, na época de Esdras. Esta Cartilha foi, em Israel, uma das ferramentas mais importantes para animar o povo nas dificuldades, para lembrá-lo de suas origens e da necessidade de manter o compromisso da Aliança. É uma Cartilha que traz o passado para o presente do povo, para mostrar que o êxodo continua acontecendo na sua vida, assim, como nós, ao retomarmos o tema, queremos lembrar que o êxodo acontece sempre, acontece aqui no Brasil hoje.
:: Na segunda parte do livro, a longa, estão os oito Círculos Bíblicos. Olhando para estes textos se vê que, durante a caminhada contada em Ex 15-18, o povo reclama, a toda hora, de Moisés e até de Deus. Quem escreveu o Livro do Êxodo chamou isso de murmuração, que é uma fala em voz baixa, um resmungo. Dizemos: "que sujeito mais resmungão"; ou: "pare de resmungar, menino"! Por isso, nos Círculos é bom a gente ver como eles conseguiram vencer as causas da murmuração, do resmungo, e continuar sua caminhada.
Assim, na lista dos oito Círculos Bíblicos a palavra "murmuração" sempre aparece:
Francisco Orofino é biblista e educador popular. É também assessor nacional do CEBI e do ISER. Fez doutorado em Teologia Bíblica na PUC-Rio (2000).
Ao apresentar este subsídio, os autores explicam o assunto, o tema, o lema e o objetivo a ser alcançado neste Mês da Bíblia de 2011. Explicam também que a palavra "caminhada", entendida como travessia de uma situação de opressão para a situação de vida plena, presente no título deste livro, era a mais usada pelos primeiros cristãos para designar o movimento de Jesus e que até hoje esta é a palavra mais usada para designar o movimento de renovação da Igreja através das CEBs. O livro, dizem, tem duas partes: uma curta e uma longa. A curta dá uma visão global da Caminhada do Povo de Deus descrita no Livro do Êxodo; a longa traz oito Círculos Bíblicos que fazem uma Leitura Orante de Ex 15-18 e Ex 20.
:: Na primeira parte do livro, a curta, se mostra como Ex 15-24, em dez capítulos e duas partes, descreve a caminhada o povo após a travessia do mar e, em seguida, a celebração da Aliança entre Deus e o povo no Sinai.
Ora, os casos contados em Ex 15-18 são muito simples, bem populares, às vezes exagerados - quem conta um conto, aumenta um ponto! -, mas não para enganar e sim para mostrar melhor a mensagem que os fatos tinham para a caminhada do povo. E em Ex 19-24 os seis capítulos trazem um roteiro litúrgico no qual o povo celebra tudo aquilo que tinha aprendido na caminhada pelo deserto. No Mês da Bíblia deste ano aprofundaremos a primeira parte - Ex 15-18 (e Ex 20) - desta que os autores chamam de Cartilha da Caminhada do Povo de Deus.
Cartilha que é, como dizem, uma parede nova feita com tijolos velhos. Os tijolos podem ser lá do começo de Israel - séculos XII e XI a.C. - mas a parede foi feita devagar, começando talvez na época do rei Ezequias, no século VIII a.C., continuando na época do rei Josias, século VII a.C., e só terminando lá pelo século V a.C., no pós-exílio, na época de Esdras. Esta Cartilha foi, em Israel, uma das ferramentas mais importantes para animar o povo nas dificuldades, para lembrá-lo de suas origens e da necessidade de manter o compromisso da Aliança. É uma Cartilha que traz o passado para o presente do povo, para mostrar que o êxodo continua acontecendo na sua vida, assim, como nós, ao retomarmos o tema, queremos lembrar que o êxodo acontece sempre, acontece aqui no Brasil hoje.
:: Na segunda parte do livro, a longa, estão os oito Círculos Bíblicos. Olhando para estes textos se vê que, durante a caminhada contada em Ex 15-18, o povo reclama, a toda hora, de Moisés e até de Deus. Quem escreveu o Livro do Êxodo chamou isso de murmuração, que é uma fala em voz baixa, um resmungo. Dizemos: "que sujeito mais resmungão"; ou: "pare de resmungar, menino"! Por isso, nos Círculos é bom a gente ver como eles conseguiram vencer as causas da murmuração, do resmungo, e continuar sua caminhada.
Assim, na lista dos oito Círculos Bíblicos a palavra "murmuração" sempre aparece:
- Primeiro Círculo: Ex 15,1-21 - a força do canto da vitória vence a murmuração provocada pelo medo
- Segundo Círculo: Ex 15,22-27 - a luz da Lei de Deus vence a murmuração provocada pela sede
- Terceiro Círculo: Ex 16,1-36 - a segurança da partilha vence a murmuração provocada pela fome
- Quarto Círculo: Ex 17,1-7 - a certeza do Deus conosco vence a murmuração causada pela descrença.
- Quinto Círculo: Ex 17,8-16 - a esperança da oração vence a murmuração causada pelo desânimo
- Sexto Círculo: Ex 18,1-12 - a união das famílias vence a murmuração causada pela divisão
- Sétimo Círculo: Ex 18,13-27 - a participação nas decisões vence a murmuração causada pela dominação
- Oitavo Círculo: Ex 20,1-21 - a liberdade dos mandamentos vence a murmuração causada pelo legalismo.
Para cada Círculo Bíblico os autores propõem a seguinte dinâmica:
Acolhida - preparando o ambiente
1. Vivências da caminhada do povo de hoje - pensar numa situação real e fazer perguntas para despertar a partilha
2. Vivências da caminhada do povo da Bíblia - chave de leitura; leitura lenta e atenta do texto; refletir para enxergar melhor; fazer perguntas que ajudam a descobrir a mensagem para nós hoje
3. Chegar a um compromisso diante de Deus - ligar o ontem com o hoje e orar
4. Uma reflexão para enxergar melhor - subsídio para ajudar a diminuir a distância que nos separa do êxodo no tempo e no espaço: do século XII a.C. para hoje são mais de 3 mil anos, do norte da África para o Brasil são cerca de 12 mil km...
Como todo mundo já sabe, os livros de Carlos Mesters - aqui com Francisco Orofino - são escritos em uma linguagem clara, fácil, prática, que cativa o leitor já no primeiro parágrafo. Não são invenções teológicas amargas enfiadas à força na goela do povo, pois a preocupação é sempre ler a vida com a ajuda da Bíblia e não a Bíblia com a ajuda da vida.
Ou, dizendo de outro modo: estimulado pelos problemas da realidade (pré-texto), o povo busca uma luz na Bíblia (texto), que é lida e aprofundada dentro da comunidade (con-texto). O pré-texto e o con-texto determinam o "lugar" de onde se lê e interpreta o texto.
Como todo mundo já sabe, os livros de Carlos Mesters - aqui com Francisco Orofino - são escritos em uma linguagem clara, fácil, prática, que cativa o leitor já no primeiro parágrafo. Não são invenções teológicas amargas enfiadas à força na goela do povo, pois a preocupação é sempre ler a vida com a ajuda da Bíblia e não a Bíblia com a ajuda da vida.
Ou, dizendo de outro modo: estimulado pelos problemas da realidade (pré-texto), o povo busca uma luz na Bíblia (texto), que é lida e aprofundada dentro da comunidade (con-texto). O pré-texto e o con-texto determinam o "lugar" de onde se lê e interpreta o texto.
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