segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A morte de cruz

Dr. Bruno Glaab

A morte de cruz

           É comum se pensar que Jesus veio ao mundo para ser pregado na cruz pelos nossos pecados. Parece que Deus queria que seu filho morresse numa cruz e que o próprio Jesus queria isto. Usa-se, muitas vezes os cânticos do Servo Sofredor (Is 52,13-53,12) para justificar tais ideias. Em primeiro lugar, deve se dizer que isto é errado. Nem o Pai, nem o Filho queriam a morte na cruz. Além do mais, por que Deus se alegraria com a morte do Filho, ou ainda, por que Deus se aplacaria em sua ira diante da morte do trágica do Filho?

           Quando Jesus se encarnou, nada mais quis do que instaurar o Reino de Deus já aqui na terra. Queria levar todos os homens e mulheres a Deus. Para isto, necessariamente teve de enfrentar obstáculos. Ou seja, teve de lutar contra aquilo que impedia a instauração do Reino de Deus já aqui na terra. Por exemplo: tudo o que exclui um irmão ou irmã obstaculiza o Reino de Deus. A mentira, a maldade, a ganância e toda espécie de exclusão impedem o Reino de Deus. Jesus queria o Reino, ou seja, que todos os irmãos vivessem de fato como irmãos e honrassem a Deus. Em poucas palavras, Jesus queria que se amasse a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo (Mc 12,28ss). Isto é Reino de Deus.

           Ao tentar instaurar este Reino, Jesus se chocou com aqueles que impediam a vivência fraterna, com aqueles que excluíam o pobre, o pecador, a mulher, o deficiente, etc. Sua ousadia de enfrentar os mentores desta exclusão lhe custou caro. Logo que Jesus se compromete com os pobres e sofredores, os fariseus e herodianos pensam em mata-lo (Mc 3,6).

A morte de Jesus como salvação

           Dito isto, convém dizer que Jesus não queria a morte de cruz, nem o pai queria isto. Jesus queria o Reino. Se todos tivessem aceitos a proposta de Jesus, ele poderia muito bem ter morrido idoso numa confortável cama, venerado por todos, e mesmo assim teria sido para nós, o salvador. Não seria necessário morrer na cruz. Mas as autoridades religiosas e políticas viam na ação de Jesus um perigo para seus privilégios. Queriam que Jesus se calasse. Como Jesus não aceitou esta imposição, deram-lhe a morte. Então, Jesus não veio ao mundo com a intenção de morrer numa cruz, nem ele próprio, nem seu Pai queriam isto. Quem quis a morte de Jesus foram as autoridades. Jesus não queria a morte de cruz, queria o Reino. O Pai também não quis a cruz para seu Filho, mas queria a sua fidelidade. A morte de cruz foi, então, o preço que Jesus pagou pela sua fidelidade aos planos do Pai. Se Jesus traísse o Pai teria escapado da cruz, mas não teria trazido o Reino de amor e de justiça.

Conclusão

           Toda a vida de Jesus, desde a encarnação, até a ressurreição, é salvadora. Nem o Pai exigiu a morte de Jesus para nos salvar, nem o Filho veio com a intenção de morrer na cruz. Ele veio para trazer o Reino. Como muitas pessoas, e principalmente as autoridades, não aceitaram esta proposta, levaram Jesus à cruz. Jesus, antes de trair o Reino preferiu morrer. Esta sua fidelidade ao Pai foi o caminho da salvação. Porém, se sua proposta fosse aceita e ele tivesse morrido de outra forma, seria igualmente nosso Salvador.
fonte: http://www.esteditora.com.br/textos/amigos.htm

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