terça-feira, 26 de junho de 2012

sábado, 23 de junho de 2012

O nascimento de João Batista - Lc 1,57-66.80

O início das promessas de Deus

por Frei Carlos Mesters
Para o estudo do Evangelho de Lucas é o livro "O avesso é o lado certo",
de Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
Mais informações pelo endereço vendas@cebi.org.br.

Nos capítulos 1 e 2 do seu Evangelho, Lucas descreve o anúncio e o nascimento de dois meninos, João e Jesus, que vão ocupar um papel importante na realização do projeto de Deus. O que Deus iniciou no AT começa a ser realizado por meio deles. Por isso, nestes dois capítulos, Lucas evoca muitos fatos e pessoas do AT e ele chega a imitar o estilo do AT. É para sugerir que com o nascimento destes dois meninos a história faz a grande curva e inicia a realização das promessas de Deus por meio de João e de Jesus e com a colaboração dos pais Isabel e Zacarias e Maria e José.

Existe certo paralelismo entre o anúncio e o nascimento dos dois meninos:

·         O anúncio do nascimento de João (Lc 1,5-25) e de Jesus (Lc 1,26-38)

·         As duas mães grávidas se encontram e experimentam a presença de Deus (Lc 1,27-56)

·         O nascimento de João (Lc 1,57-58) e de Jesus (Lc 2,1-20)

·         A circuncisão na comunidade de João (Lc 1,59-66) e de Jesus (Lc 2,21-28)

·         O canto de Zacarias (Lc 1,67-79) e o canto de Simeão com a profecia de Ana (Lc 2,29-32)

·         A vida oculta de João (Lc 1,80) e de Jesus (Lc 2,39-52)

COMENTANDO

Lucas 1,57-58: Nascimento de João Batista:
"Completou-se para Isabel o tempo do parto e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela". Como tantas mulheres do AT, Isabel era estéril: Como Deus teve piedade de Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), de Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sm 1,2.6.11) transformando a esterilidade em fecundidade, assim Ele teve piedade de Isabel, e ela concebeu um filho. Grávida, Isabel escondeu-se durante cinco meses. Quando, depois de cinco meses, o povo pôde verificar no corpo dela como Deus tinha sido bom para Isabel, todos se alegraram com ela. Este ambiente comunitário em que todos se envolvem com a vida dos outros, tanto na alegria como na dor, é o ambiente em que João e Jesus nasceram, cresceram e receberam a sua formação. Um ambiente assim marca a personalidade das pessoas pelo resto da sua vida. É este ambiente comunitário que mais nos falta hoje.
Lucas 1,59: Dar o nome no oitavo dia:
"No oitavo dia foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias". O envolvimento da comunidade na vida da família de Zacarias, Isabel e João é tanto que os parentes e vizinhos chegam a interferir até na escolha do nome do menino. Querem dar ao menino o nome do pai: Zacarias. Zacarias quer dizer: Deus se lembrou. Talvez quisessem expressar a gratidão a Deus por Ele ter se lembrado de Isabel e de Zacarias e por ter-lhes dado um filho na velhice.
Lucas 1,60-63: O nome dele será João!
Mas Isabel intervém e não permite os parentes tomarem a dianteira na questão do nome. Lembrando o anúncio do nome pelo anjo a Zacarias (Lc 1,13), ela diz: "Não! Ele vai se chamar João". Num lugar pequeno como Ain Karem na serra da Judéia, o controle social é muito forte. E quando uma pessoa sai fora dos costumes normais do lugar, ela é criticada. Isabel não seguiu os costumes do lugar e escolheu um nome fora dos padrões normais. Por isso, os parentes e vizinhos reclamam: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" Os parentes não cedem com facilidade e fazem sinais ao pai para saber dele como quer que o menino seja chamado. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: "O nome dele é João." Todos ficaram admirados, pois deviam ter percebido algo do mistério de Deus que envolvia o nascimento do menino.

É esta percepção que o povo teve do mistério de Deus presente nos fatos tão comuns da vida, que Lucas quer comunicar a nós, seus leitores e leitoras. Na sua maneira de descrever os acontecimentos, Lucas não é como o fotógrafo que só registra o que os olhos podem ver. Ele é como quem usa o Raio-X que registra aquilo que os olhos não podem ver. Lucas lê os fatos com o Raio-X da fé que revela o que o olhar comum não percebe.
Lucas 1,64-66: A notícia do menino se espalha:
"No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser? De fato, a mão do Senhor estava com ele". A maneira de Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25) e Samuel (1Sm 1,13-28 e 2,11).

Quanto mais conhecimento você conseguir acumular do Antigo Testamento, mais evocações vai descobrir nos escritos de Lucas. Os dois primeiros capítulos do seu Evangelho não são histórias no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam mais como espelho para ajudar os leitores e leitoras a descobrir que João e Jesus tinham vindo realizar as profecias do Antigo Testamento. Lucas quer mostrar como Deus, através dos dois meninos, veio atender às mais profundas aspirações do coração humano. De um lado, Lucas mostra que o Novo realiza o que o Antigo prefigurava. De outro lado, ele mostra que o novo ultrapassa o antigo e não corresponde em tudo ao que o povo do Antigo Testamento imaginava e esperava. Na atitude de Isabel e Zacarias, de Maria e José, Lucas apresenta um modelo de como se converter e acreditar no Novo que está chegando.

Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=21&noticiaId=3153

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Catequese de adolescente autista deve ser reiniciada

Uma reunião deve colocar frente a frente o padre de Bom Princípio, no Vale do Caí, Rio Grande do Sul, Pedro José Ritter, e a família de Cássio Maldaner, 13 anos. Definido pelo bispo de Montenegro, Dom Paulo de Conto, o encontro, nos próximos dias, pode servir para reduzir a polêmica criada depois que o pároco retirou o adolescente autista da fila da primeira comunhão, na missa do domingo passado.

A reportagem é de Álisson Coelho e publicada pelo jornal Zero Hora, 21-06-2012.

A repercussão do caso surpreendeu a Igreja. A partir das redes sociais, moradores da cidade chamaram atenção para o que classificaram como discriminação do pároco da Igreja Nossa Senhora da Purificação. Ontem, o padre reiterou que houve apenas um adiamento da eucaristia de Cássio. O adolescente deve reiniciar a catequese.

Para o bispo, pode ter acontecido uma falha no processo que, agora, deve ter o acompanhamento da Igreja – afirma Dom Paulo de Conto.

– A primeira comunhão dele é uma coisa que vai ser conversada e remarcada, ainda sem prazo – afirma.

Diretor da Apae de Feliz, frequentada por Cássio, Moisés Schmitz descreve o adolescente como “um menino tranquilo, sorridente e que interage bem com os colegas”.

– Ele entende o que se fala, tem boa percepção do que acontece. Deve notar a tristeza dos pais e perceber o abatimento deles – afirma Schmitz.

A tentativa de ensinar o significado dos ritos católicos não passou pela Apae. O diretor acredita que Cássio basicamente entende o que é explicado pela mãe, mas provavelmente não tem uma compreensão mais profunda.

Psicóloga e professora da Universidade Feevale, Anna Beatriz Guerra Mello defende que a família deve receber orientação, especialmente a mãe de Cássio, a dona de casa Maria Silvani Maldaner, 41 anos. Segundo ela, a relação entre a mãe e o filho autista tende a ser mais intensa, como se a criança fosse um prolongamento da mãe.

– É preciso que se faça uma mediação com a mãe. Quando ela diz que treinou o filho para aquele momento, ela inconscientemente nega um lugar de sujeito a ele – diz.

Especialista diz que ritual é de difícil compreensão

Especialista em autismo, o psicanalista Alfredo Jerusalinsky explica que há grandes diferenças entre os autistas. Mesmo assim, a compreensão da lógica simbólica, que inclui os ritos religiosos, é, em geral, bastante difícil:

– O que está em discussão é saber até que ponto os pais têm o direito de incluir o menino em um sistema no qual ele não compreende. O significado de atos religiosos normalmente é distante para os autistas.

Para ele, é difícil negar aos pais o desejo de incluir o filho em suas crenças. Muito mais do que uma questão médica, é preciso que a Igreja avalie o simbolismo que a participação de Cássio na primeira comunhão teria.

– É preciso pensar em como fica a família, que passa a vida tentando incluir o filho no seu modelo – afirma.

Presidente da regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo Dom Zeno Hastenteufel diz que a orientação em casos como o de Cássio é a de avaliar o grau de entendimento da criança.

No caso de não haver compreensão do significado da eucaristia, dom Zeno explica que a criança é dispensada pela Igreja.


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510667-catequese-de-adolescente-autista-deve-ser-reiniciada

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CNBB escreve mensagem sobre a Conferência das Nações Unidas Rio+20


 
cnbb“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) espera que, da Rio+20, brote o compromisso de construção de um ‘modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamenta no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens e que supere a lógica utilitarista e individualista, que não submete os poderes econômicos e tecnológicos a critérios éticos’” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho – Documento de Aparecida n474c).

Com essas palavras, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu hoje, 19 de junho, uma mensagem sobre a Conferência Rio+20, que acontece na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de 13 a 22 de junho.

Segundo a CNBB, todos devem assumir, com coragem e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, contribui para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.

A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.

O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

Leia a mensagem abaixo:

Mensagem da CNBB sobre a Conferência Rio +20

“O Senhor Deus tomou o Homem e o colocou no jardim de Éden, para o cultivar e guardar” (Gn 2,15).

A Conferência das Nações Unidas Rio +20, sobre o desenvolvimento sustentável, acolhida pelo Brasil neste mês de junho, carrega consigo a irrenunciável responsabilidade de responder aos anseios e expectativas mundiais em relação à defesa e promoção de toda forma de vida, especialmente a humana, desde sua concepção até seu término natural.

A crise econômica, financeira e social por que passam as grandes potências da economia mundial, com graves consequências para as nações emergentes, emoldura a Rio +20.

Considerada, por causa de sua profundidade e alcance, como uma crise de civilização, esta crise “interpela todos, pessoas e povos, a um profundo discernimento dos princípios e dos valores culturais e morais que estão na base da convivência social”. Entre suas múltiplas causas está “um liberalismo econômico sem regras e incontrolado” (Nota do Pontifício Conselho Justiça e Paz sobre o sistema financeiro).

É urgente repensar nossa relação com a natureza, que “nos precede, tendo-nos sido dada por Deus como ambiente de vida” e está à nossa disposição “não como um lixo espalhado ao acaso, mas como um dom do Criador” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 48). Se, por um lado, como nos recorda o papa Bento XVI, é “lícito ao homem exercer um governo responsável sobre a natureza para guardá-la, fazê-la frutificar e cultivá-la, inclusive com formas novas e tecnologias avançadas, para que possa acolher e alimentar condignamente a população que a habita”, por outro, é preciso que “a comunidade internacional e os diversos governos saibam contrastar, de maneira eficaz, as modalidades de utilização do ambiente que sejam danosas para o mesmo” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 50).

Os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida em 2007, já denunciavam: “com muita frequência se subordina a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à biodiversidade, com o esgotamento das reservas de água e de outros recursos naturais, com a contaminação do ar e a mudança climática” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 66).

O cuidado com a natureza e com a vida, que nela brota e dela depende, passa pelo reconhecimento de que é dever de todos, especialmente dos dirigentes das nações, garantir a estas e às futuras gerações a casa comum – o Planeta Terra – livre de toda destruição. Essa meta só se alcançará com a subordinação do desenvolvimento econômico à justiça social, no respeito à pessoa, à natureza e aos povos. Para tanto, é necessário que todos, especialmente os dirigentes mundiais, assumam com coragem e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte. Para a erradicação da fome e da miséria, "não se trata de diminuir o número dos convidados para o banquete da vida, mas de aumentar a comida na mesa”, como já nos alertou o Papa Paulo VI (cf. Homilia de João Paulo II em Puebla, 1979).

A Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade civil e realizada concomitantemente à Rio +20, tem a importante tarefa de reafirmar a responsabilidade dos dirigentes das nações pelas graves consequências de uma opção equivocada, ao subjugar o desenvolvimento econômico ao domínio do mercado e do lucro, desconsiderando tanto a natureza quanto a vida e a cultura dos povos.

A Igreja no Brasil, especialmente através da Campanha da Fraternidade, tem chamado constantemente a atenção para a destruição da natureza provocada por um desenvolvimento econômico predatório, alimentado por um sistema produtivo e um estilo de vida consumista, muitas vezes, também predatórios. As consequências são, dentre outras, o desmatamento, a contaminação e escassez da água e as mudanças climáticas. Os que mais sofrem os impactos de tudo isso são os pobres e excluídos.

É imperioso que nos eduquemos para relações novas e éticas com o meio ambiente. Esta é uma meta imprescindível da Rio +20, que não deve desviar-se de sua real e concreta finalidade.

A Rio +20 indica uma resposta a essas questões com a chamada Economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável. Não podemos nos contentar com uma roupagem nova para proteger o insaciável mercado, que só tem olhos para o lucro, configurando-se como “lobo em pele de cordeiro” ao manter inalteradas as causas estruturais da crise ambiental.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB espera que, da Rio +20, brote o compromisso de construção de um “modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamenta no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens e que supere a lógica utilitarista e individualista, que não submete os poderes econômicos e tecnológicos a critérios éticos” (V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 474c).

Esse compromisso deve ser assumido por todos. Os cristãos, de modo especial, movidos pela solidariedade, que gera fraternidade e comunhão, são convocados a trabalhar pela preservação do meio ambiente e a colaborar na construção de uma sociedade justa, ecologicamente sustentável.

Que Deus, o Criador de todas as coisas, se digne abençoar seus filhos e filhas nesta nobre missão de “cultivar e guardar” a terra, lugar de vida para todos (cf. Gn 2,15).
Brasília, 19 de junho de 2012

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 19 de junho de 2012

Igreja presente na Conferência Rio+20 e na Cúpula dos Povos

rio202012Vinte anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o Rio de Janeiro volta a ser o ponto de encontro para lideranças do mundo inteiro e sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, entre os dias 13 e 22 de junho. Paralelamente a esse grande evento, de 15 a 23 de junho, acontecerá, no Aterro do Flamengo, a Cúpula dos Povos, numa oportunidade para tratar dos problemas enfrentados pela humanidade e demonstrar a força política dos povos organizados. Dentro dessa perspectiva, a arquidiocese do Rio de Janeiro, bem como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) marcam presença ao longo do evento propondo reflexões e debates sobre a integração do homem com o mundo à sua volta.

A Rio+20 também conta com a participação da Santa Sé, que enviou uma equipe para representar o papa Bento XVI. À frente dessa comitiva está o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer. Para ele, esse será um grande desafio, uma vez que a presença da Santa Sé no evento representa a palavra da Igreja.

“É uma tarefa importante porque eu irei integrar e, ao mesmo tempo, chefiar a delegação da Santa Sé, que representa a palavra da Igreja, a posição da Igreja sobre as questões tratadas na Rio+20. No entanto, com grande honra, porque é a oportunidade de apresentar o pensamento da Igreja, que tem uma grande autoridade moral no conselho das nações. Embora o Vaticano seja um Estado pequeno, a sua representatividade é muito grande e importante no âmbito das nações”, disse o cardeal.

A primeira das atividades será no dia 15 de junho, na Tenda da Paz, no aterro do Flamengo, onde haverá uma mesa de diálogo sobre meio ambiente e justiça social.

Dom Odilo ressaltou a forte presença da Santa Sé em eventos promovidos pelas Nações Unidas e outros órgãos internacionais. “Ela tem se feito presente através do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e por isso também apresenta a Santa Sé em eventos como este, que é a Rio +20. “A Igreja tem um pensamento, um olhar próprio sobre todas essas questões, uma visão sobre o homem, uma visão sobre a economia, cultura, sobre a vida e assim por diante. Portanto, são oportunidades da Santa Sé, em nome da Igreja, de estar colocando a posição, a palavra da Igreja para ajudar a servir e iluminar, e isso faz parte da missão evangelizadora da Igreja”, concluiu.

Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas
Dom_Francis_Chullikatt_Carlos_MoioliPela primeira vez no Rio de Janeiro e com participação ativa na Rio + 20, o Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Francis Chullikatt, tem uma missão importante: destacar a pessoa humana e os problemas ecológico-sociais dos países mais pobres, que, segundo ele, muitas vezes não têm voz nas grandes conferências.

Junto com dom Francis, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, três colaboradores: padre Philip J. Bené, padre Justin Wylie e o advogado Lucas Swanepoel, que já estão participando da 3ª Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.
Em entrevista para a WebTV Redentor, dom Francis Chullikatt falou sobre o papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

“A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos. Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre se preocupa com os países pobres. Quando falamos do social, sabemos que a Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação”, disse.

O Observador na ONU mostrou-se preocupado em trabalhar durante a Conferência, principalmente com os países pobres, já que a Rio+20 tem dois temas centrais: "A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza"; e "A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável".

“Vimos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida humana ser preservada”, acrescentou dom Chullikatt.

Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/9588-igreja-presente-na-conferencia-rio20-e-na-cupula-dos-povos

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mês da Bíblia 2012


A Bíblia, desde sempre, faz parte da caminhada do povo de Deus. “É nela que penduramos todo o nosso trabalho”, conforme nos ensina frei Carlos Mesters. A partir do Concílio Vaticano II, marco fundamental para o florescimento de uma Pastoral Bíblica da Igreja no Brasil, a Bíblia foi conquistando espaço e recuperando sua condição de valor fundamental na vida e na missão da Igreja.

No Brasil, o desejo de conhecimento e de vivência da Palavra fez surgir, com muito sucesso, a prática da leitura e reflexão da Bíblia nas famílias, nos quarteirões, nos círculos bíblicos, em grupos de reflexão, grupos de rua.

O Mês da Bíblia, criado em 1971 com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e a difusão da Bíblia, também foi fundamental para aproximar a Bíblia do povo de Deus. Propondo um livro – ou parte dele – para ser estudado e refletido a cada ano, o Mês da Bíblia tem contribuído eficazmente para o crescimento da animação bíblica de toda pastoral.

Em continuidade a esta história, a Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-catequética da CNBB definiu que, no Mês da Bíblia dos próximos quatro anos (2012-2105), serão estudados os evangelhos de Marcos (2012), Lucas (2013) e Mateus (2014), conforme a sequência do Ano Litúrgico, completando com o estudo de João em 2015.

Esta sequência repete a experiência feita entre 1997-2000, por ocasião da celebração do Jubileu 2000. O enfoque, agora, é outro. Visa reforçar a formação e a espiritualidade dos agentes e dos féis através do seguimento de Jesus, proposto nos quatro evangelhos. Está tanto na perspectiva de discípulos missionários e da Missão Continental, conforme nos pede a Conferência de Aparecida, quanto no esforço da Nova Evangelização proposta pelo papa Bento XVI.

Cada evangelho será relido na perspectiva da formação e do seguimento, destacando o que é específico de cada evangelista, bem como da comunidade que está por trás de cada evangelho.

No Mês da Bíblia deste ano de 2012, será estudado o evangelho de Marcos a partir do tema “Discípulos Missionários a partir do evangelho de Marcos” e do Lema “Coragem! Levanta-te, ele te chama!” (Mc 10,49).

O material – livro para aprofundamento e círculos bíblicos- já está pronto e poderá ser adquirido nas Edições CNBB: vendas@edicoes.cnbb.com.br.

CNBB Nacional
 
Fonte: http://www.arquidiocesepoa.org.br/paf.asp?catego=2&exibir=1960 

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A festa do Corpo de Deus é uma proclamação de fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia

“Na quinta-feira, dia 7 de junho, a Igreja Católica celebra a festa do Corpo de Deus, mais conhecida como festa de “Corpus Christi”. É uma festa típica da Igreja Católica, onde se faz a profissão pública da fé na presença real de Cristo na Hóstia consagrada.

No momento em que os crucifixos estão sendo retirados de muitos ambientes públicos e as manifestações de fé sempre mais restritas aos templos, a festa de Corpus Christi ganha contornos especiais. Através dos tapetes que são confeccionados e das procissões que são realizadas, os católicos dão mostra da força da sua fé, negando-se a deixar de proclamar o Evangelho por “cima dos telhados”. Mesmo reconhecendo que o lugar ordinário de celebrar a fé é o templo, os católicos entendem que a existência de sinais externos e de manifestações públicas vem ao encontro da prática de Jesus que anunciava o Reino de Deus nas praças, ruas, beiras de lago e montanhas.
 
Além de ser manifestação pública de fé, Corpus Christi é a festa da comunhão e da ação de graças. Por meio dela, enquanto se elevam hinos de ação de graças, se expressa também o desejo de viver uma íntima relação com Deus e uma fraterna comunhão com os irmãos.

A hóstia consagrada que, adorada como Corpo de Cristo, é carregada pelas ruas da cidade, simboliza o desejo de usufruir a perene presença de Cristo junto do povo que tem fé, repetindo o convite dos discípulos que acolheram o Ressuscitado em sua caminhada para Emaús: “Fica conosco, Senhor!” (Lc 24,29)”. (Dom Canísio Klaus, Bispo de Santa Cruz do Sul)
 “A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo ou, simplesmente, Corpus Christi é uma das festas religiosas mais queridas dos católicos, em todo o mundo; em vários países, como no Brasil, é também feriado nacional e isso favorece a participação do povo nas celebrações, procissões e nas belas manifestações de cultura e arte popular.
O significado religioso e teológico é muito belo e profundo e se relaciona com a centralidade de Jesus Cristo para a fé da nossa Igreja; Deus Pai reúne seus filhos ao redor da mesa eucarística e os nutre com o “pão da vida”, que é seu próprio Filho, doado a nós como alimento, “pão para a vida do mundo”; somos o povo de discípulos, que Jesus reúne em torno de si, instrui e conduz, indo à sua frente, como pastor bom, ele mesmo, caminho, verdade e vida; somos a comunidade dos “irmãos do Senhor”, unidos por laços de fraternidade espiritual, pois somos todos filhos do mesmo Pai do céu, testemunhas do amor de Deus, que renova a vida e dá sentido às relações humanas.
 A solenidade de Corpus Christi, destacando o dom da Eucaristia, coloca em evidência os mistérios centrais de nossa fé e da vida cristã. Saímos de nossas igrejas e vamos, com Jesus na Eucaristia, para as ruas e praças de nossas cidades, anunciando que “Ele está no meio de nós” e habita conosco e orienta nossa história; nossas atividades cotidianas, nossas ocupações profissionais e responsabilidades sociais, nosso convívio social, nada disso é indiferente à nossa fé: em tudo somos “testemunhas de Deus”, discípulos missionários de Jesus Cristo”. (Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo)
No dia 7 de junho a Igreja celebra a festa do Corpo de Deus, mais conhecida como “Corpus Christi”. É uma celebração onde é realizada uma procissão pelas vias públicas, missa, e adoração ao Santíssimo Sacramento, com o objetivo de estimular, entre os diocesanos, o espírito de unidade e fraternidade, por meio do mistério da Eucaristia - o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. Em artigos publicados no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bispos opinam sobre o real significado da celebração na vida do povo cristão.
Tradição
Em 1983, o novo Código de Direito Canônico - canôn 944 – estipulou que fosse mantida a obrigação de manifestar 'o testemunho público de veneração para com a Santíssima Eucaristia' e 'onde for possível haja procissão pelas vias públicas'. Cada diocese se mobiliza para realizar a celebração, por isso cabe aos bispos escolherem de que forma a festa será promovida, para garantir a participação dos diocesanos.
Na data existe a tradição de enfeitar as ruas com tapetes que cobrem o trajeto por onde passará a procissão de Corpus Christi. Feitos com serragem colorida, flores, vidro moído, pó de café e outros materiais, a confecção desses tapetes, de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa, mobiliza grande número de fiéis. Essa procissão do povo de Deus, recorda a busca à Terra Prometida. No Antigo Testamento, esse povo foi alimentado com maná, no deserto, e hoje, é alimentado com o próprio Corpo de Cristo.
A solenidade celebrada sempre na primeira quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade marca o momento em que os fiéis fazem publicamente, nas ruas, a adoração ao Corpo e Sangue de Cristo. “Uma festa popular que revela todo o amor e carinho que os católicos tem pela Eucaristia.

domingo, 3 de junho de 2012

«Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Evangelho segundo são Mateus 28,16-20

Os onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram. Então Jesus se aproximou, e falou: "Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo."


A dança da Trindade

Hoje a Igreja nos convida a celebrar a Festa da Santíssima Trindade. Para isso nos propõe este texto, que é a conclusão do evangelho de Mateus.

Iniciamos esta reflexão com a seguinte pergunta: por que este evangelho na Festa da Santíssima Trindade? Ou melhor, que nos revela este evangelho de Deus Trino?

Para buscar a resposta, caminhemos, com nossa imaginação, junto com os discípulos para Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado.

Mateus começa seu evangelho, situando a missão de Jesus na Galiléia (Mt 4,12-17), cidade pobre, para onde, ao concluir o evangelho, os discípulos se dirigem. Desta maneira, diz que a missão da Igreja se enraíza na mesma corrente da missão de Jesus.

Os discípulos, ao verem Jesus, se ajoelham, reconhecem-no como o Senhor Ressuscitado. Esse gesto de adoração é um ato de fé. Entretanto, havia, entre eles, alguns que duvidavam.

É formidável o realismo de Mateus, ao fazer coexistir diante da mesma manifestação de Jesus, alguns que o adoram, e outros que duvidam. Podemos reconhecer nessa pequena comunidade, a nossa Igreja onde convivem luzes e sombras.

Mais ainda, podemos nos reconhecer cada um/a de nós, que experimentamos diante da manifestação de Deus essa divisão dentro de nós: "aqui está o Senhor, adoro-o", e outra parte que diz: "mas será assim?.., será Ele?..., por quê..?".


Adorar o Senhor é uma graça, é resposta ao dom de Sua presença, que nos cativa e surpreende.  Por isso peçamos ao Senhor que nos conceda esse presente que nos coloca de joelhos diante dele!

Desta maneira, apresenta-nos a Igreja como discípula. Estão todos aos pés de Jesus, esperando ansiosamente que seu Mestre lhes fale.

Preparemos também nós, nossos corações para acolher as palavras do Senhor que ecoam até hoje. Nelas estão condensadas o mandato missionário da Igreja de todos os tempos: "vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês".

As primeiras palavras de Jesus à sua comunidade que está em torno dele: "Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra". Pela mesma autoridade que ele recebeu do Pai, ele autoriza aos seus seguidores a ir pelo mundo inteiro a continuar sua missão.

E como se fosse pouca essa autoridade para levar adiante o projeto encomendado, Jesus promete estar sempre com os seus: "Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo".

O Ressuscitado é o Emanuel, o Deus conosco! E sua presença em nossa história, em nosso mundo está garantida para sempre, porque sua promessa não só chega até nós, senão que se estende até o final dos tempos.

As palavras "todos os dias", nos comunicam a certeza de que em cada momento, que vivemos, agora mesmo, o Senhor está conosco! Peçamos ao Espírito Santo que nos abra os olhos para reconhecer, no hoje de nossa vida a presença do Emanuel.

O mandato missionário de Jesus a sua Igreja nos revela o coração da Trindade. O desejo de Deus é que a humanidade participe de sua vida de comunhão para a qual fomos criados.

Pelo batismo somos mergulhados na Trindade e ela coloca sua morada em cada cristão/cristã, e começamos a formar parte do povo congregado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O teólogo grego João Damasceno usa uma metáfora muito simples para explicar a comunhão e o movimento de Amor da Trindade, a dança de roda! Essa dança tem uma característica especial: as pessoas divinas se movem de tal forma que há sempre uma no centro e duas ao seu redor.

No entanto, não se trata de uma dança fechada, senão criativamente aberta. Desse movimento de amor surge a criação do universo, da humanidade, de tal forma que o centro da roda passou a ser "ocupado" pela criação, pelo ser humano, a ponto de Santo Irineu dizer: "A glória de Deus é o ser humano vivo", acrescentando que "a glória do ser humano é a visão de Deus", ou seja, participar dessa dança, já agora nesta terra, para logo vivê-la plenamente na eternidade.

Assim, a missão da Igreja, que tem como centro o ser humano, se coloca a serviço, especialmente daqueles que mais precisam da centralidade e da atenção: os pobres, os que sofrem, as pessoas portadoras de deficiência, como nos fazia lembrar a CF deste ano.

Para quê? Para que todos/as vivamos a felicidade e a liberdade de ser parte desta roda de Amor, agora e sempre.

Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém


Referências
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
MARTINI, Card. Carlos Maria. El Evangelio de San Mateo. Bogotá: Ed. Paulinas, 1981.
SUSIN, Luiz Carlos. Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. São Paulo: Ed. Paulinas, 2003.


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-evangelho/500156-solenidade-da-santissima-trindade-evangelho-segundo-sao-mateus-28